Uma das frentes de investigação da Operação Trick, da Polícia Civil, apurou que a deputada distrital Telma Rufino (PPL) não seria apenas beneficiada pela quadrilha que fraudava empréstimos do Banco do Brasil, mas, sim, uma das operadoras das irregularidades. Segundo o inquérito, ela teria, inclusive, se aproveitado do esquema para comprar diplomas falsos de graduação e pós-graduação. Conversas gravadas com autorização da Justiça comprovam a negociação para aquisição dos certificados. Revelam, ainda, que ela teria sido eleita com patrocínio da quadrilha e não teria visto nenhum problema nisso. Nas ligações telefônicas a que o Correio teve acesso, ela pede dinheiro para a campanha e até para o partido. ;Deixa eu te falar uma coisa. Me ajuda hoje, eu tenho que pagar a mensalidade do partido;, diz a parlamentar ao ex-subsecretário de Qualificação e Capacitação Profissional da Secretaria do Trabalho do GDF, Edigard Eneas, apontado como um dos líderes da organização criminosa.
Os diplomas de Telma são da Faculdade de Tecnologia Equipe Darwin. Em uma representação pedindo ao Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT) que dê seguimento às investigações por envolver uma parlamentar com foro privilegiado, o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) é taxativo quanto à irregularidade cometida pela distrital: ;Há contatos de Edigard e Luciano Diniz (outro operador do esquema) para conseguir um certificado/diploma falso para Telma;, afirma o documento. Em troca, ela indicaria Luciano para um cargo no GDF.
O perfil de Telma traçado pelo inquérito policial demonstra convicção quanto à compra dos diplomas. Isso porque, em alguns trechos interceptados pela corporação, Luciano Alves Dutra Diniz, um dos envolvidos no esquema, combina com Edigard a emissão do certificado falso para a parlamentar. ;Eu tô (sic) com o carimbo dentro do carro, tô (sic) com certificado da Telma, as coisas para entregar;, afirma a transcrição de uma das gravações.
Edigard foi subsecretário de Qualificação e Capacitação Profissional da Secretaria do Trabalho do GDF entre abril e dezembro do ano passado. No esquema criminoso, ele era responsável por abrir empresas em nome de laranjas para fraudar empréstimos no Banco do Brasil (veja Entenda o Caso). Segundo as investigações, a relação da parlamentar com o ex-integrante do governo local era estreita e ambos se falavam quase todos os dias.
Nos diálogos telefônicos entre Telma e Edigard, o presidente do PPL, Marco Antônio Campanella, é citado com frequência. No inquérito, a descrição do ex-diretor do DFTrans afirma que ele ;recebeu, tendo ciência, dinheiro do esquema criminoso para sua campanha;. As apurações indicaram que Campanella mantinha relação próxima com Edigard e com outro homem diretamente envolvido com o esquema, Maciel Alves de Carvalho.
As interceptações complicam Campanella. O esquema contava com o auxílio de pessoas de dentro do Banco do Brasil ; um deles era Sergio Eneas, gerente de uma agência bancária e primo de Edigard. Nas gravações, Telma se refere a Campanella em diversos momentos. Em um deles, ela avisa ao então subsecretário do GDF que ;Campanella está vindo aqui;. Em outro trecho, a distrital fala: ;Menino, o Campanella me ligou dez vezes hoje. Quer ir lá no gerente;.
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