Brasília entrou na rota e no interesse do mercado de luxo. Há cinco anos, a cidade é considerada a mais promissora do Brasil para o segmento fora do eixo Rio-São Paulo pela MCF Consultoria, empresa de informações para o setor luxo. Embora o momento econômico seja delicado, empresários e especialistas garantem que o consumo de alto padrão tem sentido menos o impacto da crise que o país vive. Com isso, a capital abriu as portas para importantes marcas internacionais e serviços estilo premium. A capital federal recebeu, na semana passada, a loja de roupas americana Michael Kors e a grife paulista BobStore. A Prime Fraction Club também anunciou a primeira operação aqui. O clube de compartilhamento de bens de luxo ; aviões, helicópteros, embarcações e carros esportivos; investirá R$ 25 milhões na base operacional da Região Centro-Oeste, com foco em Brasília e Goiânia. ;Queremos levar uma alternativa para pessoas físicas e jurídicas desta região que necessitam ter uma aeronave executiva, mas não querem ter o bem para uso exclusivo, pois isso deixou de se tornar vantajoso, devido ao custo e à ociosidade verificada nesse modelo;, observa Marcus Matta, presidente da empresa fundada em São Paulo, em 2009.
Segundo pesquisa da MCF, 27% das marcas consideram Brasília importante polo fora do eixo Rio-São Paulo. Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR) aparecem em seguida, com 15% e 14% das opiniões. Mesmo permanecendo no top do ranking, o índice de Brasília já foi mais significativo e chegou a 53%, em 2009, quando importantes marcas desembarcaram na capital. Como a maioria abriu as portas em solo candango, é natural que o interesse seja menor. Para Marcelo Minutti, professor de marketing e inovação do Ibmec, Brasília atrai pela alta renda e pela segurança do funcionalismo público. ;A cidade tem uma grande quantidade de funcionários públicos com renda garantida e com poder de endividamento, porque os bancos facilitam muito o crédito para esse perfil. Diante desse cenário, as lojas querem vir para cá;, analisa.
Em ascensão
Pesquisa da PwC intitulada Total Retail Survey 2015 ; Mercado de Luxo mostra que a intenção de consumo desse segmento aumentou entre 2014 e 2015, com mais consumidores pretendendo comprar produtos sofisticados. Em 2014, 12% dos entrevistados que nunca compraram bens sofisticados pretendiam adquirir pela primeira vez, neste ano, o número subiu para 16%. Os clientes que não tinham interesse por marcas diminuíram de 55% para 37% de um ano para outro. ;Todos os resultados levam a crer que o interesse no mercado de luxo aumentou;, explica Ana Hubert, gerente da PwC Brasil e especialistas em varejo e consumo. ;A migração de classes sociais não aconteceu apenas no Rio e em São Paulo. Ao contrário. Esse movimento se deu, principalmente, fora desse eixo. Por isso, o mercado de luxo está procurando outros locais;, complementa.
Com faturamento anual de R$ 20,6 bilhões anuais no Brasil e crescimento de 13,2% entre 2012 e 2013, o mercado de luxo parece sentir menos o impacto da crise. Marcelo Martins, superintendente do ParkShopping, em Brasília, avalia que o mercado de shopping centers não assistiu à queda de vendas como em outros setores do varejo, e, no mercado de luxo, a crise não deu sinais. ;Com a questão cambial, a crise pode ser, inclusive, uma oportunidade de o mercado alavancar a venda de produtos de luxo no país porque vai compensar comprar no Brasil;, complementa.
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