O Correio entrevistou tatuadores para entender as tendências da arte, do público e do mercado.
O que está na moda
Pablo Hermano: ;Traços mais finos, pontilhismo e hachurismo. Blackwork também, que é mais coisa dos russos. Até a aquarela, que a galera está fazendo muito hoje, é um negócio que não fazia antes. Hoje em dia tudo que é feito num papel ou tela de pintura você traz para a pele. Desenhos mais botânicos, ilustrações científicas, algo que não fazia muito antes e está virando tendência;.
Thyaguin: ;Aquarela está bombando, todo mundo faz. O pontilhismo está muito forte. É uma técnica que eu já tinha estudado há tempos no papel; mas nunca tinha pensado na pele; e está sendo muito trabalhada. Estamos aplicando cada vez mais o que é usado na tela, na folha, no papel. As cores são o boom do momento;.
Danny Gomez: O realismo hoje é mais usado do que 15 anos atrás. Parte para uma coisa mais contemporânea, mais moderna. A aquarela é uma tendência bem recente;.
O que não sai de moda
Pablo Hermano: ;O público de Brasília é adepto a tudo, o old school bomba; - estilo de tatuagem antigo, com desenhos de âncoras, gaivotas, marinheiros e garotas pin-up.
Thyaguin: ;Reinventando old school e new school. Hoje em dia você vê o old school ainda, mas com um traço realista;.
O que não se deve tatuar
Thyaguin: ;Hoje em dia, faço muitas coberturas de nomes, nos casos de namoros e casamentos que não deram certo;.
As tatuagens mais feitas:
Pablo Hermano: ;Eu faço muita escrita, flor e mandala, uma parada mais indiana, árabe. O Daniel [Matsumoto] trabalha mais com geometria. Fazemos muitas ;Mão de Fátima; e santinhas. E silhuetas de pássaros voando também. A Mari [Rossi] faz muitas tatuagens botânicas, que não eram comuns antes e estão virando tendência;.
Thyaguin: ;Mensagens escritas. Faço muitas homenagens, texto, poesia. As tatuagens mais comuns hoje são as escritas. Pro pai, pra mãe, pro namorado. Às vezes até em outras línguas;.
O público
Pablo Hermano: ;Mudou muito por causa da globalização. Em todo lugar, todas as culturas, todo tempo sempre teve o lance do adorno cultural. A geração dos nossos pais tinha um certo preconceito, a arte era marginalizada. Hoje em dia caiu nas graças da galera. O público jovem é mais antenado, ligado nas tendências. O público quer cada vez mais coisas exclusivas;.
Thyaguin: ;A maior mudança foi questão da conscientização. Antes não tinha personalidade muito grande. Hoje a pessoa faz questão de ter uma tattoo diferente. Eu nem trabalho com catálogo."
Danny Gomez: ;Os reality shows ajudaram a desmistificar o papel da tatuagem, mostrar pessoas normais tatuando. E isso acabou atingindo um público que a princípio tinha preconceito ou medo de ir a um estúdio de tatuagem;.