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Transporte irregular leva perigo ao trecho entre Brasília e Goiânia

Conhecidos como loteiros os motoristas alegam que serviço é mais barato e mais rápido

Metade do valor da passagem regular. Esse é o preço que brasilienses pagam para ir a Goiânia em carros irregulares. Os ;loteiros;, como são conhecidos os donos dos veículos, alegam que o serviço é em conta e mais rápido. Quem se submete ao transporte interestadual pirata colabora com o crime e põe em risco a própria segurança. Nem a presença da polícia coíbe a prática. Uma operação conjunta da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e da Polícia Rodoviária Federal mapeou o esquema em Taguatinga e no Plano Piloto. Um dos operadores foi identificado. Motoristas pagam até R$ 2 mil para entrarem no sistema clandestino. Em menos de um mês, começa a ser cobrado pedágio na BR-060, principal rota dos contraventores.


Os riscos são muitos: alta velocidade, assaltos, acidentes, abusos sexuais, entre outros. Para a PRF, o maior perigo é a identidade do motorista. ;Pode ser inabilitado, estar sob influência de substância psicoativa, não ter registro de trabalho nem licença para exercer a profissão, além de poder ser um criminoso;, ressaltou, em nota. Mesmo consciente dos perigos, a vendedora Maria de Fátima (nome fictício), 36 anos, moradora de Ceilândia, costuma embarcar em veículos não credenciados. ;Às vezes, não dá tempo de comprar a passagem ou preciso ir mais rápido do que a viagem de ônibus;, argumenta. Na quinta-feira, ela viajou para Goiânia. Pagou R$ 25, R$ 8 a menos do que a passagem regular.


Em poucos minutos, o Correio flagrou diversas ações dos loteiros, que lucram até R$ 400 por dia de trabalho. As infrações são muitas e vão desde carros em péssimas condições de uso até o excesso de passageiros. A Resolução n; 4.287, da ANTT, prevê a apreensão por, no mínimo, 72 horas do veículo que faz o transporte irregular flagrado na fiscalização. Qualquer tipo de veículo de transporte de passageiros interestadual clandestino remunerado pode ser retido: ônibus piratas, vans e até carros de passeio.

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O coordenador de fiscalização da ANTT, Rafael Moyá, reconhece o problema e o aumento do número de infratores agindo no DF. Em todo o ano passado, foram 50 veículos apreendidos por fazerem transporte interestadual irregular. Até maio de 2015, o número chegou a 15, pequeno diante da quantidade de piratas observados pela reportagem. ;Estamos intensificando as operações e integrando outros órgãos para nos ajudar a combater o transporte pirata. Além disso, estamos sempre monitorando os motoristas irregulares;, explica Moyá. São realizadas abordagens durante o traslado e autuações nos terminais rodoviários. Quem é pego transportando clandestinamente passageiros pode ser preso e ter o veículo apreendido, além de pagar multas equivalentes às infrações cometidas.

Com informações de Otávio Augusto