Jornal Correio Braziliense

Cidades

Pioneira, vida de Cosete se confunde com história do Caseb e de Brasília

De família gaúcha, ela se apaixonou pelos sonhos de JK e apostou na nova capital

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;Acho que ele está lá em cima me olhando e dizendo ;muito bem;;, afirma a educadora Cosete Ramos. O ;ele; a que a mulher se refere é o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Aos 73 anos, Cosete acredita que serviu ao país e, principalmente, ao projeto ambicioso de JK. Chegou à nova capital ainda mocinha, como descreve, em 1960. Aqui, formou-se na primeira turma de normalistas do Centro de Ensino Fundamental Caseb e depois estudou pedagogia na Universidade de Brasília (UnB). Passou alguns anos se especializando nos Estados Unidos, mas fez questão de retornar e atuar no desenvolvimento da educação. Nas palavras da professora, a razão é simples: a paixão pela capital, ;a Brasília dos meus amores;.

O entusiasmo com a mudança foi herdado do pai. O deputado gaúcho Ruy Ramos integrou o grupo denominado Mudancista, que colocou como missão a transferência da capital. Cosete aterrissou no aeroporto de Brasília ao lado de Ruy e da mãe, a professora Nehyta Ramos, integrante do primeiro grupo de mestres da cidade. Eles vinham de Alegrete (RS). Ao pisar no cerrado, o vestido branco ficou vermelho de terra. ;Meu pai era apaixonado por Brasília e ele passou isso para mim. Minha cabeça estava pronta para aceitar que o Brasil precisava sair do litoral. Quando cheguei aqui, pensei: ;Opa, estou no interior do Brasil;;, lembra.

Nas primeiras semanas de Brasília, a família ficou hospedada em um apartamento nas quadras 400. ;Daqueles sem pilotis ainda;, complementa Cosete. Cada membro recebeu um conjunto de toalha, lençol, travesseiro e cobertor da Nova Companhia Urbanizadora (Novacap), proprietária da residência. ;Na primeira noite, fazia frio. Abracei meus pais bem forte. Estava muito feliz e vivendo um momento histórico do Brasil.; A certeza concretizou-se em 21 de abril. Com o vestido de baile comprado para a ocasião e o primeiro sapato de salto, a gaúcha participou da festa de inauguração do sonho de JK no Palácio do Planalto. Nas lembranças da educadora, está claro o momento em que foi recebida pelo próprio presidente e pela esposa Sarah. ;Eu estava tremendo. Dona Sarah tomou as minhas mãos geladas e sentiu minha emoção. Que belo sorriso recebi! Nunca esquecerei;, recorda.

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