O conceito de amor foi mudando ao longo do tempo. A concepção romântica, idealizada nos filmes hollywoodianos da década de 1940, prega que é possível apaixonar-se apenas por uma pessoa ao mesmo tempo. Com as mudanças sociais, políticas e econômicas, como o advento da pílula e o feminismo, era de se esperar que as gerações seguintes trilhassem novos caminhos no que diz respeito a formas de se relacionar e, claro, de amar. Em Brasília, não podia ser diferente. Cada vez mais, pessoas de diversas idades e tribos se interessam por vivenciar alternativas à monogamia, abrindo a opção de arranjos mais livres e com múltiplos parceiros. Nas redes sociais, o debate é intenso. Uma das maiores comunidades on-line da capital sobre o tema, o grupo ;Poliamor Brasília-DF; reúne mais de 2,5 mil internautas.
A criadora do grupo, a psicóloga Alice Sales, 30 anos, conta que começou a se interessar pelo assunto há quatro anos. ;Já namorava há cinco e, na época, tinha um relacionamento aberto. Fui aprendendo mais sobre poliamor e comecei a conversar com meu namorado sobre a possibilidade de viver algo assim.; Ela explica que poliamor, relações abertas, amor livre e outros conceitos são coisas bem diferentes e frisa a importância de entender cada um (veja Glossário). Há oito meses, Alice começou a namorar mais um rapaz. Os homens não se relacionam, mas concordam com o arranjo. ;Não significa que todo mundo tem que ter mais de um parceiro, mas é importante saber que você pode se apaixonar por outra pessoa e que um amor não exclui outro.;
No grupo virtual, os participantes compartilham textos sobre o assunto e trocam opiniões. A página tem regras: veta comentários preconceituosos ou de pessoas à procura apenas de aventuras sexuais. Periodicamente, são organizados encontros presenciais em parques. O técnico em comunicações Maurício Cuquejo, 25, é um dos namorados da psicóloga. ;Muita gente não leva a sério relacionamentos do tipo e acha que se trata de orgia, quando, na verdade, é um namoro normal.;
GLOSSÁRIO
Relações livres: defende e pratica todo tipo de relação amorosa, inclusive a monogâmica, e que as pessoas têm o direito de elas mesmas definirem como viver um relacionamento da melhor forma, sem rótulos.
Poliamor: Ddiferentemente do amor livre, o poliamor advoga um relacionamento amoroso estável baseado na multiplicidade de parceiros e fidelidade entre eles. Cada parceiro poliamoroso pode nutrir quantos namoros e casamentos quiser, independentes ou conjuntos.
Swing: é quando dois casais trocam de parceiros em busca de diversificar o sexo, não havendo trocas romântico-afetivas. Ao contrário do relacionamento aberto, a prática do swing nunca ocorre separadamente e exige concordância prévia entre os parceiros.
Relações abertas: trata-se de um relacionamento afetivo estável, como um namoro ou um casamento, em que relações extraconjugais não são consideradas traições. Os adeptos acreditam que reprimir desejos sexuais por outras pessoas pode gerar estresse entre o casal.
Poligamia: é uma forma de casamento comumente associada à religião muçulmana e reconhecida pela legislação de mais de 50 países. Ela remete a uma prática unilateral, em que apenas um dos sexos tem o direito de nutrir mais de um parceiro.
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