Da terra que se deixa para a que se chega, reinvenção define a vida de refugiados em Brasília. A casa, a família, o trabalho e toda uma vida no país de origem, eles guardam nas lembranças. São as riquezas que os conflitos políticos e religiosos não foram capazes de apagar. Chegam aqui com o empenho de reconstruir a história pessoal, redescobrir-se depois da perda. Reviver. A vinda de refugiados para o país tem se intensificado, nos últimos anos, em razão do acirramento de guerras, no Oriente Médio, e de agravamento de problemas sociais, como pobreza e desemprego, em nações da América Latina.
Brasília tem sido o palco escolhido para a reconstrução da história de centenas de sírios, palestinos e outros refugiados da guerra no Oriente Médio. É o caso de Farouq Mostafa Mansour, 67, que há oito anos fugiu da Cisjordânia para o Brasil a fim de melhores condições de vida. Em todo o país são mais de 7,6 mil pessoas na mesma condição reconhecidas pelo Comitê Nacional para Refugiados (Conare), do Ministério da Justiça (veja quadro). No mundo, eles somam cerca de 16 milhões. Não há números regionais, porém na capital da República é cada vez mais comum encontrar uma mulher vestida com o hujab ; véu muçulmano ; caminhando pelas ruas. Também é possível frequentar um restaurante de comida árabe tocado por um legítimo cidadão mediterrâneo. Os motivos que fazem do Brasil um destino viável vão desde a maior exposição do país frente às demais nações até a adesão nacional a tratados internacionais.
O pintor Farouq Mostafa Mansour passou pelo menos quatro anos em um campo de refugiados, na Faixa de Gaza. Ele perdeu a família, as condições de exercer a profissão e via a própria segurança em xeque em meio à guerra. Em setembro de 2007, ele refugiou-se em São Paulo com a esperança de uma vida tranquila. Frustração. Foram outros quatros anos morando na rua, enfrentado a fome, o frio e os riscos da metrópole paulistana. ;Lá (no campo de refugiados), eu não tinha o que fazer ou para onde ir. Foi difícil deixar meu país, mas aqui a vida é melhor;, garante o morador do Gama, que vive com a ajuda de amigos também muçulmanos.
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