O Fundo de Previdência Privada da Terracap (Funterra), criado há 21 anos para garantir a aposentadoria dos funcionários da empresa, tem um rombo de R$ 129 milhões e corre o risco de ser liquidado. O buraco na contabilidade foi identificado por integrantes da nova gestão do fundo, que tomaram posse no mês passado. Os documentos serão encaminhados à Polícia Federal e ao Ministério Público. O caso também está em apuração na Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Entre as causas, estão investimentos em empresas falidas ou com pouca credibilidade no mercado financeiro.
Outro fator que contribuiu para o caos financeiro na entidade é que 44 dos 157 inativos bancados atualmente pelo fundo se aposentaram por invalidez. O número alto chamou a atenção e, para a nova gestão do Funterra, pode ser um indicativo de fraude. Todas as informações serão cruzadas com cadastros do INSS para confirmar as supostas irregularidades. O Funterra tem atualmente 308 participantes ; 151 servidores na ativa e 157 já aposentados. O fundo dispõe de R$ 278 milhões em ativos, recursos que estão distribuídos entre títulos públicos, fundos de investimento, empréstimos e investimentos imobiliários.
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O novo superintendente do fundo da Terracap, Rogério Hauschild, determinou a contratação de uma consultoria para aprofundar a análise da situação do Funterra. Ontem à tarde, ele e o presidente da Terracap, Alexandre Navarro, fizeram uma reunião com servidores da empresa para apresentar os números que retratam o rombo financeiro. Os funcionários estão preocupados com a futura aposentadoria e temem perder os benefícios por conta da má gestão dos recursos. ;Estamos à beira do precipício. Mais um passo em falso e teremos que liquidar o fundo;, alertou o superintendente.
Hauschild contou aos servidores detalhes da situação do Funterra. ;Documentos sumiram, processos de aprovação não estão disponíveis. Hoje (ontem), estive na Previc e tratamos sobre esses problemas;, informou o novo gestor do Fundo de Previdência Privada da Terracap.
Ações
O número alto de aposentados por invalidez é um dos focos da investigação. ;Nem se essas pessoas trabalhassem em uma pedreira o número poderia ser tão grande. Não há a menor chance de isso estar certo;, comentou o presidente da Terracap, Alexandre Navarro. ;Li vários relatórios da Previc e cada vez me surpreendo mais. É um dos maiores absurdos que já vi;, critica Navarro. Só os 44 aposentados por invalidez têm um custo de R$ 30 milhões para o Funterra.
Cada associado contribui com R$ 10 mil por ano ao Funterra, valor considerado alto por especialistas do setor. Para tentar salvar o fundo e reduzir o rombo, a meta da nova gestão é recuperar a credibilidade da entidade. ;Também será preciso reduzir custos, responsabilizar os envolvidos de administrações passadas, melhorar a transparência e a governança;, explicou Rogério Hauschild. Outra proposta é criar uma empresa única para gerir os fundos de previdência privada de várias empresas do GDF, como CEB, Caesb e Terracap. ;Dessa forma, é possível economizar até 50% dos gastos;, comenta o superintendente do Funterra.
Também fazem parte das metas da nova gestão o fortalecimento da estrutura na área de cobrança e de restruturação de créditos e a melhoria da comunicação do Funterra, com prestação de contas no site da entidade e criação de mecanismos como simulação de aposentadorias para os associados. A entidade quer usar um imóvel emprestado da Terracap para reduzir os gastos com aluguel da sede. Essa medida deve representar economia de R$ 200 mil por ano. A terceirização da gestão, com o repasse dos recursos para um grande banco, por exemplo, é rejeitada pela maioria dos associados e por integrantes da nova gestão.