Jornal Correio Braziliense

Cidades

Construção de sete hidroelétricas representa ameaça à Chapada dos Veadeiros

A possibilidade da construção de sete pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na região coloca em risco uma das reservas ambientais mais procuradas pelos brasilienses.



Uma das belezas naturais que mais sofreriam com as obras é o Encontro das Águas, em Colinas do Sul. O lugar, ponto de convergência entre os rios Tocantinzinho e São Miguel, ficaria submerso. Em alta temporada, uma média de 500 visitantes diários passam pelo local. O terreno pertence a uma família que mora na propriedade há quatro gerações. ;Quase toda a nossa renda vem do turismo. Ficamos sabendo que, se construírem mesmo as PCHs, até a nossa casa será alagada e teremos de nos mudar;, lamenta Marcos Vinícius Maria do Rosario, 20 anos, neto do dono das terras. Quando ouviram falar pela primeira vez das hidrelétricas, em 2001, começaram um abaixo-assinado contra a construção do empreendimento. O documento conta com cerca de 24 mil assinaturas.

Como a família de Vinícius, boa parte dos moradores da região da Chapada vivem do turismo, principalmente em Cavalcante, São João d;Aliança e Alto Paraíso. Aristeia Avelino, 49 anos, é dona de uma pousada e restaurante em uma das vilas que integram o último município, o Distrito de São Jorge. Filha de garimpeiros, passou a vida no local e presenciou a cidade ser transformada graças à movimentação econômica trazida pelos visitantes. ;Teve uma época em que os moradores não tinham nem energia elétrica. O recente desenvolvimento foi muito bom, mas temos medo de que o plano de manejo coloque em risco os destinos turísticos que contribuem para nossa sobrevivência;, diz. Para ela, a falta de transparência das autoridades a respeito das hidrelétricas é o mais alarmante.

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