Um buraco no asfalto, uma caneta para quadro sem refil e um endereço aparentemente esquecido pelo governo. Os problemas cotidianos permanecem na vida do brasiliense, geralmente, na expectativa de que as autoridades façam algo para resolvê-los. Para algumas pessoas, porém, ficar parado não é solução, agir é que importa. A professora Marivânia da Silva Souza, 34 anos, por exemplo, tira dinheiro do próprio bolso para comprar materiais para a sala de aula; moradores da Vicente Pires, por sua vez, decidiram tapar as crateras no asfalto; e na SQN 111, a comunidade revitalizou o endereço por conta própria e ainda faz os reparos. Para especialistas, as iniciativas demonstram não apenas o ativismo comunitário, mas dificuldade do governo em resolver os problemas da população.
A união e o trabalho dos moradores da 111 Norte na Asa Norte despertaram o orgulho de quem reside lá. Um grupo mais atuante conseguiu colocar um poste de iluminação e pintar os estacionamentos da quadra. A atitude simples acabou por transformar o local. A vice-prefeita, a professora Nilva Maris Veronese, 61 anos, conta que hoje eles podam árvores, tapam buracos no asfalto e cuidam dos jardins. ;E não gastamos o dinheiro do condomínio ou da prefeitura, as iniciativas são pagas por fora, pelos próprios moradores;, explica.
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[SAIBAMAIS]A aposentada Beatriz Dornellas, 59, mora na quadra há 23 anos e já protagonizou reparos no local. Síndica do Bloco A, mulher conta que, quando as ciclovias da 111 Norte foram construídas, as calçadas próximas ao prédio foram danificadas e o GDF as deixou como estavam. ;Eles (os trabalhadores) quebraram as calçadas da região e eu mesma tive que arrumar. Não podia ficar esperando, pois muitos idosos moram no prédio e corriam riscos;, justifica. Nilva explica que os moradores até procuram o governo para que resolva problemas, como buracos no asfalto e falta de iluminação pública, por exemplo, mas não querem mais esperar. ;Se pudermos arrumar a nossa própria cidade, nossa casa, a gente arruma. Não ficaremos parados, esperando pelo governo.;
Recentemente, moradores da Vicente Pires também se mobilizaram para tapar buracos da Rua 10 e de outros endereços da região. A atitude do grupo ganhou as páginas dos jornais, mas não somente pelo exemplo. A então administradora da cidade, Maria Celeste Liporoni, acabou exonerada, na última quarta-feira, depois de denunciar as benfeitorias à polícia. Em 1; de março, o presidente da Associação de Moradores de Vicente Pires e Região (Amovipe), Gilberto Camargos, uniu-se à comunidade e coordenou a operação tapa-buracos particular.
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