Pelo menos 3 mil espécies de orquídeas estão ameaçadas pelo desmonte do Orquidário Nacional do Ibama, na sede do órgão, na Asa Norte. O espaço existe há sete anos e, nas últimas duas semanas, teve a cobertura central retirada a pedido da administração do instituto. Com isso, a luz solar incide diretamente nas flores, expondo-as ao risco de morte. No prédio, são mantidos exemplares que não existem mais na natureza, em razão da destruição de matas e florestas. A equipe que atua no orquidário reclama que não foi previamente avisada da intervenção nem dos motivos que levaram à decisão. Em nota, o Ibama explicou que o departamento passará à gestão do Governo do Distrito Federal, por meio do Instituto Chico Mendes (ICMBio).
O prédio é construído em madeira tratada, com dois pavimentos, e é referência em arquitetura. Tanto que recebe a visita de estudantes não só de biologia, como também de arquitetura. A cobertura, por sua vez, é feita de sobrite, uma tela de proteção que impede que a luz do sol atinja diretamente as plantas. As orquídeas ficam suspensas em colunas e, no chão, há exemplares variados de antúrios e copos-de-leite. Há cerca de 15 dias, funcionários do Ibama responsáveis pela manutenção foram ao local para retirar a cobertura e parte do madeiramento. Segundo informaram aos servidores que atuam no orquidário, a medida seria para dar início à reforma do espaço, mas não foi apresentado projeto de revitalização nem instalações provisórias. ;Só não foi pior porque, meses antes, havia encomendado uma estufa pequena para fazer pesquisa. Em dois dias, transferimos uma parte das orquídeas para lá, mas nem todas cabem, e muitas morreram nesse processo;, explica a pesquisadora e coordenadora do Orquidário Nacional do Ibama, Lou Menezes.
O ICMBio informou, por meio de nota, que a transferência do orquidário ainda está em estudo. A proposta é que ele vá para o Jardim Botânico de Brasília para que, além de atender a pesquisas, também esteja disponível para visitação público. Ainda não há previsão de quando essa mudança vai ocorrer. Apesar de já ter havido alterações na estrutura física e consequente perda de espécies, o ICMBio garante que o processo não oferece risco às plantas. Em relação à retirada do sobrite sem aviso prévio, a empresa não se pronunciou.
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