Desde notícias em jornais e textos em blogs até protestos realizados por militantes e campanhas durante o Oscar, a luta pelos direitos das mulheres se faz cada vez mais presente. A tão sonhada igualdade, no entanto, ainda está longe de acontecer. É o que demonstra pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), divulgada ontem. Entre os dados mais alarmantes, está a diferença de renda entre mulheres e homens no DF: enquanto elas ganham, em média, R$ 2.680, eles recebem R$ 3.439 ; ou seja, quase 30% a mais. A situação é agravada se considerado que os níveis de instrução entre a população feminina são mais altos que na masculina. Para mulheres negras, o cenário é ainda pior. O estudo aponta que elas são pagas aproximadamente 9% a menos que as outras.
Ilmara Barreto, 42 anos, sentiu muitas dessas desigualdades e, com determinação, conseguiu dar a volta por cima. A revolta, porém, permanece. Moradora da Estrutural há 17 anos e dona de um salão de beleza na cidade, toma conta das despesas da casa e criou sozinha os dois filhos. ;Eu me separei quando as crianças nasceram, e tinha que brigar com meu ex-marido todos os meses para que pagasse pensão. Foi difícil, mas nunca mais quero depender de ninguém.; Mesmo para aquelas que dividem as despesas domésticas com o companheiro, a rotina não é fácil. A vendedora Valdirene Santos, 33, também moradora da Estrutural, casou-se quando tinha 16 anos e, com o marido, comprou um pequeno mercado na região administrativa. ;Nós dois trabalhamos no mercado e eu, para complementar, também vendo cosméticos. Com a ajuda da minha irmã, me encarrego da casa e cuido dos filhos;, relata.
O Distrito Federal tem 1,5 milhão de mulheres, pouco mais da metade da população. Apesar da maior participação delas no mercado de trabalho, os homens continuam responsáveis pela maior parte dos domicílios ; 72% no total, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD), da Codeplan. Entre as mais de 230 mil mulheres chefes de família no DF, 89% não têm marido ou companheiro, como Ilmara. Já no caso dos homens, 87% dos responsáveis são casados ou residem com a companheira, como Valdirene e o marido. ;Os dados demonstram que, quando a mulher chefia o domicílio, ela precisa ser provedora e cuidadora, enquanto os homens, geralmente, contam com uma mulher para dividir as atividades;, explica o coordenador do estudo divulgado ontem, Flávio Gonçalves.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.