Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mais de 20 mil crianças sem creche, enquanto terceirizados fazem protesto

Promessa de construção de locais para mães deixarem crianças enquanto trabalham estão no papel. Crise também atinge prestadores de serviços para o GDF, como merendeiras, recepcionistas e serviços gerais



Mães de pelo menos 24 mil crianças estão sem lugar para deixá-las. Das creches prometidas pelo GDF, 12 ficaram prontas, mas as construtoras não liberaram o uso do espaço por falta de pagamento. Dessa forma, das 6,7 mil novas inscrições para 2015, o governo teve condições de receber 2,5 mil ; no total, são 50 mil vagas, em 87 creches. A previsão da Secretaria de Educação é inaugurar nove creches até março, o que permitiria mais mil alunos. Vinte e cinco obras seguem em andamento. ;É claro que a quantidade de vagas oferecidas é aquém da demanda do DF, mas, por enquanto, essa é a nossa realidade. Como as creches não dependem de um calendário letivo rígido, à medida que elas forem inauguradas, as vagas serão preenchidas;, detalha o secretário de Educação, Júlio Gregório.

Sem creche, a rotina da manicure Leiry Paula de Jesus, 30 anos, ficou complicada. Ela mora em Santo Antônio do Descoberto (GO) e trabalha em Águas Claras. A mãe e a irmã ajudam a cuidar dos dois filhos dela. ;Fico pensando em como será o dia em que elas não puderem me auxiliar.;

Na casa da cabeleireira Nadia Maria Campelo, 26 anos, o orçamento apertou diante da falta de um lugar para deixar as crianças, de 4 e 10 anos. Ela gasta pelo menos R$ 500 com uma cuidadora. ;Além de pagar a pessoa, tenho custos com alimentação e outras despesas;, lamenta a moradora do Recanto das Emas.

As creches embargadas ficam na Asa Sul, em Santa Maria, no Areal, em Águas Claras, em Sobradinho, em Samambaia e em Ceilândia. As empreiteiras dizem que só vão liberar os espaços após o pagamento das obras. O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF) ressalta as dificuldades das empresas. ;São firmas pequenas, que não têm recursos para arcar com os custos. Desde dezembro, elas não recebem, por isso, algumas obras estão paradas, e as que estão prontas não foram entregues;, explica o presidente do Sinduscon, Luiz Carlos Botelho.

Terceirizados

Por falta de pagamento dos salários e dos benefícios, prestadores de serviço do GDF se reuniram ontem, às 10h, em frente ao Teatro Nacional. Foram convocadas cerca de 3 mil pessoas, entre merendeiras, recepcionistas e serviços gerais. Compareceram 400. O dinheiro dos atrasados sai dos cofres públicos e é repassado aos terceirizados pelas empresas contratadas pelo governo local, que alega ter pagado todas as contas referentes a 2015. ;Não existem débitos fora do prazo. O governo desconhece toda e qualquer dívida com as classes; informou a Secretaria de Relações Institucionais, por meio da assessoria de Comunicação.

Entre as empresas acusadas pelos trabalhadores de atrasar os pagamentos, estão a Servegel e a G Eventos. A primeira disse que o pagamento está em dia, e que o vale-refeição e o vale-transporte, ainda atrasados, serão quitados. O diretor-geral da G, Guilherme Leite, confirmou o débito referentes às férias e aos salários de janeiro, mas culpou o GDF: ;Estão nos devendo três meses de faturas. Tivemos de recorrer a empréstimos;.

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