Muitos passageiros que usam o Metrô-DF têm entrado sem pagar em todas as 24 estações, em vários momentos do dia. Isso porque não tem funcionário suficiente para controlar as bilheterias e fazer todos os outros serviços necessários ao longo do dia. Ao tentar embarcar, os passageiros são orientados a passar pela entrada lateral, feita para deficientes físicos, sem pagar pela passagem.
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De acordo com funcionários do metrô, que preferem não se identificar, a situação ocorre há mais de um ano, principalmente nos fins de semana. O Correio apurou que, no último domingo (8/2), por exemplo, a estação Asa Sul ficou com a entrada lateral livre durante o dia inteiro. Já os terminais Galeria e Concessionárias estavam com passe gratuito pela manhã. As estações 114 Sul, Feira e Samambaia também ficaram abertas com acesso livre durante duas horas e, Taguatinga Sul, por uma hora.
No mesmo dia, durante o início da tarde, após a troca de turno dos empregados, havia entrada gratuita nas estações 114 Sul, Asa Sul, Guariroba, Central e Concessionárias. E os terminais 108, 112 e 114 Sul, Asa Sul, Feira, Praça do relógio, Centro metropolitano, Guariroba, Central e Ceilândia ficaram sem atendimento nas bilheterias por pelo menos uma hora.
A passageira Yasmine Karysia, 26 anos, assessora parlamentar, utilizou a estação 102 Sul, na noite desta segunda-feira (9/2), e estranhou a falta de funcionário. ;Fui comprar o bilhete e as cabines estavam todas fechadas, com as luzes apagadas. Havia apenas um rapaz na parte operacional. Ele apontou para a entrada lateral e eu entrei;, conta Yasmine.
O mesmo ocorreu com Emiliana Rodrigues, 24, estudante. Ela chegou na bilheteria da mesma estação e não pôde comprar o tíquete. ;Olhei para o empregado que estava na sala de operações e ele disse que eu poderia passar, porque estava liberado. Tentei pela catraca, mas ele apontou para a entrada lateral. Quem estava com o cartão da Fácil, pagou normalmente. Umas quatro pessoas entraram logo depois de mim, também de graça;, relata Emiliana.
De acordo com funcionários do metrô, a ausência ocorre quando algum empregado tira intervalo entre uma, ou uma hora e meia, já que não é permitido ficar apenas um atendente na bilheteria. Nos intervalos, esta pessoa tem que ficar responsável por todas as outras demandas da estação, como a circulação dos trens, entrada de usuários, primeiros-socorros e atendimento aos passageiros.
Concurso
O último concurso para o Metrô-DF foi realizado em 2013, com homologação em dezembro de 2014, mas ainda não houve convocação. Os últimos chamados para o órgão entraram em dezembro de 2010, aprovados no certame de 2009.
[SAIBAMAIS]Segundo o secretário de administração e finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários do Distrito Federal (SindMetrô-DF), Quintino dos Santos, hoje o quadro do Metrô-DF conta com 218 agentes, responsáveis por atuar nas bilheterias, operação da sala de controle, atendimento ao usuário, primeiros-socorros, entre outras funções.
;O ideal seria entre 7 a 12 agentes em cada estação, para atender os passageiros de forma correta;, aponta Santos. Por causa do déficit de funcionários, no último domingo, as estações operaram com menos de três empregados.
Com a situação atual, os trabalhadores do Metrô-DF são convocados constantemente para trabalhar, mesmo em dia de folga. Além disso, alguns fazem hora-extra no horário de intervalo para tentar evitar o acesso gratuito nos terminais. No início de fevereiro, um grupo de aprovados no último concurso protestou na estação Central, na Rodoviária do Plano Piloto, para reivindicar a convocação.
Em nota, o Metrô-DF informou que está ciente do quadro defasado de funcionários. Os aprovados no último concurso serão convocados ainda no primeiro semestre deste ano, segundo o órgão, após a conclusão do planejamento estratégico.