Jornal Correio Braziliense

Cidades

Médicos querem receber até março pagamento de atrasos com servidores

Profissionais da Saúde marcam assembleia, mas adiantam rejeitar qualquer forma de escalonamento dos salários. Já os atrasados, aceitam receber até março. Nos hospitais públicos, até gestantes prestes a dar à luz ficam sem atendimento

A greve dos médicos vai até, pelo menos, quarta-feira. Em reunião na sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), ontem, representantes do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico-DF) apresentaram a contraproposta deles: o governo deve quitar todos os atrasos com os servidores até março. Um dos pontos-chave para o início da paralisação, decidida em assembleia na quinta-feira, deu-se no anúncio do parcelamento dos pagamentos em três etapas, até o fim de outubro. O GDF afirma que vai estudar a situação e estar presente na reunião da categoria na quarta-feira, quando os profissionais da saúde decidem pela volta ou não aos trabalhos.

Um dos presentes no encontro de ontem, o secretário de Relações Institucionais e Sociais do DF, Marcos Dantas, citou ;avanço; nas negociações. ;Os médicos apresentaram as propostas, nós vamos estudá-las bem e estaremos na assembleia deles, quarta-feira;, afirmou. Amanhã, uma nova reunião entre o governo e a categoria está marcada para discutir os resultados da análise.

O presidente do SindMédico-DF, Gutemberg Fialho, ressaltou ser ;inaceitável; o pagamento em parcelas. ;Queremos tudo pago até março. Salário é no quinto dia útil do mês;, afirmou. ;Pagamento em parcelas é inaceitável, não existe;, reiterou.



Grávidas
Uma equipe do Correio esteve no fim da manhã de ontem no Centro Obstetrício do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) e encontrou uma fila de mulheres no fim da gravidez. Segundo a técnica de enfermagem responsável pelo atendimento, não havia médicos naquele momento, portanto apenas o acolhimento das pacientes seria feito. Há que se lembrar que o governo não paga as horas-extras aos médicos desde outubro. Nos últimos meses, a classe tem optado por não trabalhar além do horário.

A situação de Jeissyane Pereira, 15 anos, gestante de nove meses, era uma das mais difíceis. Ela e a mãe, Maria Lúcia Alencar, 47, tinham ido de Águas Lindas (GO) ao HRC na noite de sábado. O médico presente à unidade recomendou que a gestante caminhasse um pouco e voltasse no dia seguinte por volta das 7h, segundo Maria Lúcia. Ontem, porém, a bolsa da filha estourou. ;A bolsa dela rompeu no caminho, o líquido caiu, nós estamos aqui desde antes do horário dito pelo médico. E o que eles me dizem? Que não tem médico;, protestou.

No Hospital Regional de Taguatinga, a UTI neonatal está fechada desde sexta-feira. A Vigilância Sanitária fechou a unidade de saúde por conta de uma infiltração, com receio de a água contaminada descer do teto. Atendimentos são feitos apenas para pacientes em emergência ou urgência grande.

A secretária Kelly Cássia Fernandes, 23 anos, levou a filha Maria Eduarda Sousa, 5, que reclamava de dores no ouvido desde o dia anterior. ;Quando deveria ser atendida, a recepcionista me perguntou: ;sua filha está morrendo?; e acrescentou que, se não estivesse, não seria atendida;, disse.

Educação
Representantes do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF) ameaçam não começar o ano letivo. Uma reunião entre representantes da entidade e do GDF está marcada para amanhã, às 14h30, no Palácio do Buriti. ;Precisamos de 13; salário e férias. Se não nos pagarem, não daremos aula;, afirmou Cláudio Antunes, diretor do Sinpro-DF.