Jornal Correio Braziliense

Cidades

Brasilienses ganham visibilidade na web divulgando os próprios vídeos

Com a liberdade de se expressarem exatamente da forma como desejam, conquistam fãs e recebem até dinheiro

Com a internet, ficou mais fácil divulgar a própria opinião. Com a ferramenta correta, quem navega pode se fazer perceber tanto na cidade em que vive, quanto no mundo. Contudo, é difícil se destacar entre milhões de vozes. Ainda assim, três brasilienses com canais na rede social de vídeos YouTube conseguiram a proeza. Conhecidos como vlogueiros, eles não têm receita pronta para o sucesso. Apenas criam redes de interessados que se divulgam mutuamente e produzem o próprio material com carinho.

O ator Peterson Andrade, 18 anos, ganha, com os trabalhos, o suficiente para comprar o próprio equipamento. Morador de São Sebastião, ele escreve, filma e edita os próprios vídeos, que posta semanalmente no perfil Petmaul. Toda a produção ocorre na casa dele. ;Peguei meu apelido, Pet, e juntei com a palavra ;Maul;, nome de um dos vilões do filme Guerra nas estrelas;, conta.
Ele começou a fazer vídeos por diversão. Um grupo chamado Paramaker, encabeçado por outras celebridades da rede social de vários lugares do Brasil, divulga os vídeos de Peterson, que consegue até US$ 100 por mês, entre propagandas e visualizações. ;Eu passei a pessoas que também trabalham com isso. Com divulgação mútua, ganhamos mais visualizações. É legal ver o resultado, ver as pessoas gostando do meu vídeo. Eu não saberia o que fazer sem meu canal. Não me vejo trabalhando em outra coisa que não seja o teatro e o meu perfil na rede social. Espero que um dia, graças a esse trabalho, eu consiga um papel em um filme de Hollywood;, brinca. O rapaz prepara uma minissérie para internet, que será lançada em fevereiro.

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A vontade de debater e encontrar pessoas com ideias diferentes das próprias levou o advogado Pedro Ivo a criar o canal Ateu informa, que tem 24,3 mil inscritos. No espaço, ele estuda e expõe ideias relacionadas à história, política e religião, muitas vezes misturando os três assuntos. O trabalho começou com outro perfil na rede social, no qual ele postava vídeos de artes marciais e músicas. ;Eu me considerava agnóstico. Na expectativa de conversar sobre isso, eu entrei em um blog, comecei a questionar as ideias do proprietário da página e fui bloqueado. Com isso, vi que tinha coisas a falar sobre religião. Minha intenção é conhecer outros pontos de vista. Quero discutir, ser contestado;, admite.

Ele se surpreendeu quando teve um retorno positivo. Nesse momento, começou a estudar mais, abordou o ateísmo e, depois, direcionou os vídeos para a história da humanidade e a religião. ;A meu ver, a religião é um fenômeno social. Fiz um vídeo mostrando as raízes politeístas do judaísmo e desafiei os seguidores a me provarem o contrário. Foi o que mais teve visualizações até hoje. Meu objetivo sempre foi entender a sociedade e a história humana. Podemos fazer diferente do passado? Ou estamos condenados a repetir os antigos erros? Recentemente, eu passei a falar de política nacional e pretendo abordar também a Idade Média.

O ex-comerciante Lúcio Batista, mais conhecido como Lúcio Big, 45, faz denúncias políticas e já apareceu em jornais. Conta com a ajuda de colaboradores para manter o canal homônimo como um trabalho profissional. Era comerciante e conheceu a rede social de vídeos pelo filho em 2010. Criou, primeiro, o Canal do Otário, onde, sem se identificar, fala de propagandas enganosas. Em seguida, passou a fiscalizar gastos de parlamentares e divulgar os absurdos que encontrava. ;Depois, vi que não bastava mostrar. Eu tinha que fazer algo. Comecei a fazer denúncias e, com isso, as pessoas se interessaram e a visibilidade cresceu.;

Confira


Peterson Andrade
www.youtube.com/user/petmaul/featured

Lúcio Big
www.youtube.com/channel/UCfQ98EX3oOv6IHBdUNMJq8Q

Pedro Ivo Souza de Alcântara
www.youtube.com/user/ateuinforma/featured