Jornal Correio Braziliense

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Pioneira Céres de Oliveira Guedes morre aos 89 anos

Corpo será cremado nesta segunda-feira (29/12), em São Paulo

Morreu neste domingo (28/12) a pioneira Céres Augusta de Oliveira Guedes, 89 anos, em consequência de uma infecção que a acometeu em abril e a deixou debilitada de forma cognitiva e motora. A manauara ajudou a fundar o Centro Espírita Assistencial Nossa Senhora da Glória, na Asa Norte, e contava, com orgulho, sobre a participação nas Diretas Já, movimento contra a ditadura militar e a favor de eleições. Há pelo menos três anos, ela morava em São Paulo, onde o corpo será cremado nesta segunda-feira (29/12). A missa de sétimo dia ocorrerá no Rio de Janeiro, cidade em que se casou e teve filhos.

Céres foi casada com o gerente comercial Gerson Oscar Carneiro Guedes, morto em 1982, aos 59 anos. O casal mudou-se para Brasília em 1969. Na capital federal, criou os filhos Fernanda e Sylvio. Depois de ficar viúva, começou a trabalhar em livrarias, mas o hábito de ler era frequente antes disso. ;Ela passou a vida acompanhando os noticiários da televisão e lendo jornal. Foi assim até os últimos dias;, lembra o jornalista Sylvio Guedes. Entre os assuntos favoritos, estavam as ficções e as histórias religiosas. Um dos livros mais lidos por ela nos últimos tempos foi O Senhor dos Anéis, repetido, pelo menos, três vezes.

Enquanto gozava de saúde plena, conversas firmes e cheias de argumentos eram comuns à mesa, com a família e os amigos. Poucos, sempre. ;Ela era fechada, mas uma pessoa incrível. Alguém com quem você podia contar, sabe?;, diz a jornalista Socorro Vale, amiga de Céres. Outro programa preferido eram as exposições no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), aonde chegava de ônibus, ou idas ao cinema e ao teatro.

O apreço pela arte era tamanho que, na década de 1950, no Rio, ela trabalhou no Teatro Brasileiro de Comédia, contracenando com artistas famosos da época, como Tônia Carreiro. ;Isso foi feito no amadorismo, mas ela sempre gostou. Trabalhava de dia e ia ao teatro durante a noite;, conta Sylvio. Depois da mudança para Brasília, o hábito cessou. Na capital, foi uma das fundadoras do Centro Nossa Senhora da Glória, onde trabalhou como voluntária durante décadas.

Da terra do Cristo Redentor, ela trouxe a paixão pelo futebol, esporte que acompanhava de forma assídua. Torcia para o Flamengo. E, sempre que podia, assistia às mesas redondas depois dos jogos. Adorava beliscar pratos de camarão e tomar cerveja. ;Até o tempo em que ela podia fazer essas coisas, aproveitou muito;, conclui Sylvio Guedes, pai de Gustavo, Gabriel e Helena, e tio de Guilherme, os quatro netos de Céres.