Jornal Correio Braziliense

Cidades

Trabalho inédito de peritos da PCDF orientou Comissão da Verdade

Muitos documentos dados como perdidos foram encontrados em tribunais de justiça, fóruns, arquivos públicos



A partir de novembro de 2013 a CNV, que teve os trabalhos encerrados na última semana, passou a contar com um grupo próprio, trabalhando exclusivamente para esclarecer casos de supostos suicídios. Dois peritos da Polícia Civil do Distrito Federal, com experiência em casos de torturas, foram chamados para a missão de dar respostas sobre 44 casos de falsos suicídios. A tarefa mudou ao longo do tempo, para se adaptar as condições e as necessidades da comissão. Outros quatro peritos integraram a equipe. Eles fizeram uma triagem na lista inicial e selecionaram 15 casos com documentação que possibilitava análise.

Para os outros casos, começaram a disparar solicitações para órgãos que poderiam ter informações válidas. Ao mesmo tempo, o conhecimento deles foi requisitado em outros estudos. A equipe colaborou nos casos dos presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart, ou em episódios emblemáticos, como de Vladimir Herzog, Stuart Angel, Carlos Marighella. Além das histórias individuais, os profissionais entraram nas dos locais de ocultação de cadáveres, como a famigerada Casa da Morte de Petrópolis. ;Com a nossa experiência em política, estamos acostumados a checar fontes. Trouxemos um pouco disso à CNV e fomos chamados em outros casos;, diz o coordenador do Núcleo Pedro Cunha.

Tanto ele quanto Mauro Yared são cedidos da PCDF e trabalhavam com mortes violentas há 20 anos. Em 2007, ministraram o primeiro curso do pais sobre Locais de Tortura e Execução sumária, pelo Ministério da Justiça. ;Naquele momento, nós depuramos a metodologia e fixamos a forma de trabalho;, afirma Cunha. A forma de encarar os crimes é a primeira diferença em relação ao trabalho em homicídios comuns. ;O raciocínio muda, é excludente. No caso do suicídio, por exemplo, deveríamos encontrar alguns elementos. A não constatação de alguns deles já são informações que precisamos analisar;, explica Yared.

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