;Eu cheguei da Bahia tem mais ou menos um mês e fica caro para ligar do celular;, explica. Luciana usa o aparelho público entre duas e três vezes por dia para falar com a família. Ela, de acordo com o vendedor de uma loja de artigos telefônicos, Roni Reis, 23 anos, faz parte de um público que sobrevive sem problemas. Ele comercializa cartões telefônicos para orelhão e afirma que, por dia, saem mais de 30 unidades. ;As pessoas ainda compram muito, por várias razões: algumas ficam sem bateria, outras esquecem o celular. Mas a maioria usa para fazer interurbano. Fica mais barato;, explica.
Roni Reis tem razão: Enquanto para o celular, o preço corresponde ao valor dos créditos, no orelhão, um cartão de 20 minutos custa, em média, R$ 4. A assessora da gerência de universalização e ampliação do acesso da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Karla do Valle, explica que a importância do aparelho público vai além do término da bateria ou do esquecimento do telefone móvel. De acordo com a especialista, a rede de celulares está mais propícia a quedas em casos de calamidades públicas ou tragédias naturais. Os sistemas também podem ficar congestionados e parar de funcionar, o que ocorre com menos facilidade com os orelhões. ;Ele (telefone público) tem, tecnicamente falando, uma estrutura mais simples de comunicação e é muito importante nesses casos extremos;, completa. Além disso, ainda existem pelo país pequenas localidades que não possuem serviço móvel habilitado, sendo o orelhão a única alternativa mais barata.
Queda normal
No entanto, mesmo ressaltando a importância do aparelho, ela aponta que o número de aparelhos no Distrito Federal ; que em sete anos caiu de aproximadamente 19 mil para 11 mil ; está acima do necessário. Karla esclarece que a quantia de telefones públicos por localidade depende do Decreto Presidencial n; 7.512, no qual existe uma meta que define quantos orelhões vão existir em cada cidade do país. O número é baseado em distâncias e em quantidade de habitantes. Ele é revisto a cada cinco anos, avaliando a necessidade da população.
Karla acrescenta que a revisão é necessária, uma vez que, nos últimos 10 anos, houve uma queda de quase 90% na receita dos orelhões. A diminuição ocorre, em maior parte, em decorrência do aumento no número de celulares. Enquanto existem cada vez menos aparelhos públicos fixos, o número de linhas móveis segue em constante aumento. Hoje, em Brasília, existem 1.648 estações de torres de celular e mais de 6 milhões de linhas telefônicas móveis.