O Arabeske, que ficava na 109 Sul, era especializado em comida árabe e servia cerveja muito barata. A cozinheira gorducha apelidada ;habiba; (querida, em árabe) fazia quibes e charutos ; arroz com carne moída e condimentos envoltos em folhas de parreira ou de repolho ; e cobrava preços módicos. Havia também os bares Estação 109 e Moinho, especializados em comida de boteco, ;sem nada de especial;. ;O bom mesmo era o ambiente;, define um dos antigos proprietários das duas casas, Geraldo Sobral Rocha, 72 anos. Ele recebeu artistas, intelectuais e políticos nos tempos de glória. ;Tínhamos um bom astral, ótimas conversas. Sinto muita falta, morro de saudades. Tratava-se mais de uma reunião de amigos do que um empreendimento;, afirma.
Vida noturna
O empresário Márcio Salomão, 47 anos, sempre foi festeiro. Fez parte da turma cuja diversão não era restrita a bebericos nas entrequadras, calouradas da Universidade de Brasília (UnB) e rock n; roll em cidades-satélites. A partir dos anos 1970, a vida noturna da cidade ficou profissional. Jovens investidores, filhos de prósperos empresários, ergueram e equiparam casas noturnas com o que havia de melhor para competir com Rio de Janeiro e São Paulo. Algumas atrações internacionais começaram a aterrissar na cidade para animar as pistas de dança. Estoques de uísque e de champanhe empolgavam as noites no Planalto Central.
Lugares como a L;Escalier, casa noturna que recebeu o então casal Xuxa e Pelé na noite de inauguração, em 1986; a Fashion Club, point dos descolados; e o Café Cancun, representação da latinidade no cerrado, não resistiram ao tempo. Noite candanga é assim. As boates não duram mais do que dois ou três anos e, geralmente, mudam o foco antes de fechar as portas. Não é difícil encontrar, por exemplo, uma casa sertaneja implementando as noites com samba ou axé. Para Salomão, atualmente sócio de duas boates na cidade, o brilho do estroboscópio foi mais reluzente. ;A vida noturna em Brasília está pavorosa. A duração das boates é curta, não dá para ganhar dinheiro;, explica.
Para relembrar
Gilbertinho
O comércio da QI 11 era o único local próximo ao Centro Comercial Gilberto Salomão, na QI 5, e, por isso, ganhou o apelido de Gilbertinho. Tornou-se ponto de encontro da galera rock n; roll. Também havia espaço para punks e new-ages. As bandas Detrito Federal e Plebe Rude faziam shows para os amigos. Sucesso entre 1984 e 1987.
Piscina com ondas
Dentro do Parque da Cidade, havia uma espécie de clube moderno com direito a uma piscina com ondas artificiais. O local está desativado desde 1997, mas, à época, foi palco de encontros memoráveis e de rodas de viola entoadas por Cássia Eller e Zélia Duncan, estudantes do Colégio Marista. O espaço, inaugurado em 1978, está abandonado.
Lojas Pernambucanas
A marca foi fundada em 1908 e, em Brasília, ocupou dezenas de endereços entre 1975 e 1980. Até meados de 1990, as Pernambucanas prosperavam em locais como a W3 Norte, a W3 Sul e alguns shoppings da cidade.
Pelezão
O Estádio Municipal de Brasília, o Pelezão, construído em 1965, já foi o principal centro esportivo da cidade. Ele ficava no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e tinha uma pista de kart improvisada no estacionamento. Pelé jogou no estádio, que, atualmente, dá lugar a um condomínio.
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