Após mais uma derrota na Justiça, na última quinta-feira, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Roberto Arruda (PR) tenta dar um clima de normalidade à campanha. Ontem, ele participou de eventos e decidiu manter os compromissos oficiais no fim de semana. Nos eventos públicos, insiste que continua a briga na Justiça e vai vencer. Nos bastidores, a situação está bem longe do confortável. Arruda mostra-se abatido, e articulações são feitas o tempo todo. A pressão de aliados próximos não para de crescer para que o ex-governador desista e defina um substituto. Na noite de ontem, encontros foram realizados e o nome do senador Gim Argello (PTB) se fortaleceu no cenário. A amigos próximos, Arruda afirmou que era ;impossível desistir;.
Há a preocupação de que ele teime em permanecer após a segunda-feira ; que é a data com a qual o TSE vem trabalhando como prazo máximo de substituição de nomes ;, não obtenha na Justiça nenhuma vitória que o tire da condição de ficha suja e tenha de se submeter novamente a outra disputa nos tribunais para poder substituir a chapa na véspera do pleito (leia O que diz a Lei).
Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, definiu que a ministra Rosa Weber continuará como relatora da reclamação na qual a defesa de Arruda contesta a decisão da Justiça Eleitoral responsável por barrar a candidatura. Trata-se de outra notícia ruim para as pretensões arrudistas. Na noite da última quinta-feira, a ministra, substituindo Luiz Fux no TSE, foi uma das que se posicionaram contra o recurso do ex-governador pedindo a revisão do julgamento que o considerou inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa. Justamente por ter votado, ela tinha pedido redistribuição do processo, mas Lewandowski não achou necessário. Ainda ontem, a Procuradoria Geral Eleitoral solicitou, de novo, ao TSE, a retirada imediata do candidato da campanha no DF (leia mais na página 20).
Com as atenções divididas entre a campanha, a Justiça e a pressão dos aliados, o ex-governador Arruda, mesmo irritado e a contragosto, quer saber o que o eleitorado pensa sobre sua provável substituição. Pesquisa interna foi encomendada pelo grupo para testar os nomes com maior aceitação. Na lista, estão os nomes do candidato a vice, Jofran Frejat (PR); da mulher de Arruda, Flávia Peres Arruda (também filiada ao PR); do ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM); do senador Gim Argello (PTB); e da distrital Liliane Roriz (PRTB). O levantamento estaria sendo feito desde anteontem e deve estar nas mãos do ex-governador ainda no fim de semana para ajudá-lo a definir um substituto, caso ele desista.
Verificações anteriores indicaram que nomes como o de Liliane Roriz têm boa aceitação. No entanto, Arruda não tem plena confiança nela. A distrital chegou a ser lançada como vice na chapa e desistiu no meio do caminho. O clã cobrou novamente a vaga na majoritária para Liliane. Na semana passada, o ex-governador Joaquim Roriz fez uma rápida aparição pública ; a primeira em quatro anos ; e disse que a filha estava pronta para ser governadora. Em reunião recente, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN) ; também considerada ficha suja pelo TSE ; disse que a irmã seria o melhor nome. Nada disso convenceu Arruda. Fraga é outro bem aceito, mas esbarra na grande rejeição, e Gim não decola, assim como Flávia Arruda, desconhecida do eleitor.
Vice no páreo
A tendência é que a escolha recaia mesmo sobre Jofran Frejat. O ex-deputado e ex-secretário de Saúde foi chamado de última hora para ocupar o espaço que já tinha sido de Liliane Roriz e chegou cair nas mãos de Eliana Pedrosa (PPS) ; impedida pelo partido de se aliar ao grupo. Um acordo de cavalheiros foi feito entre Arruda e o vice: se o ex-governador saísse do páreo, a vaga seria do aliado. Em pesquisas feitas para o consumo interno da coligação desde o início da campanha, Frejat não aparece com a mesma aceitação de Arruda, mas pelo menos empata nas intenções com o governador Agnelo Queiroz (PT) e tem rejeição muito menor. Nessa linha, a chapa mais provável seria Jofran e Flávia Arruda.
Um ponto que tem sido colocado na mesa de negociações para levar Arruda à desistência são pesquisas recentes que indicam que o ex-governador teria atingido um teto inferior aos 40% nas intenções de voto. Outros levantamentos apontam que ele está empatado tecnicamente com Rodrigo Rollemberg (PSB) numa eventual disputa de segundo turno. Se, por um lado, a permanência de Arruda na disputa favorece as chapas proporcionais da coligação, por outro, cria um clima desagradável de instabilidade para a aliança (PR, PRTB, DEM, PMN e PTB) às vésperas da eleição. Há o temor, inclusive, de que a persistência e a insegurança quanto à vitória e consequente posse de Arruda comece a afastar investidores da campanha.