Jornal Correio Braziliense

Cidades

'Na hora, a gente não pensa o que fazer', diz vítima de racismo

Meirione Gomes conta como foi discriminada. "Seu nome é 'nega'", disse o agressor




;Eu trabalhava como supervisora em uma empresa de prestação de serviços. Uma supervisora havia sido mandada embora e voltou à empresa com o rapaz do sindicato. Mas ninguém estava autorizado a entrar na sala. Quando eles chegaram, eu estava com luvas, lavando o banheiro. Expliquei que era de outro sindicato e não teria o que falar para eles. Ele pediu que eu mostrasse meus documentos. Ainda peguei e mostrei a ele. Nisso, ele perguntou meu nome de novo. Para encurtar, disse que era Meire. Ele começou a falar ;seu nome é Nega;. Eu negava e ele continua falando que meu nome era ;Nega;. O que mais me chateou foi que ele falou isso sabendo do meu nome. Há muita diferença entre Meire e Nega. Na sala, havia oito pessoas e todas elas ficaram com muita raiva. Na hora, a gente não pensa o que fazer, só depois. Eu ainda demorei uns dois dias para conversar com o meu marido e com os meus amigos e decidir registrar a ocorrência. Passei por várias situações constrangedoras quando criança. Mas não podemos mais aceitar isso. Em casa, ensino os meus três filhos que todos são iguais. A escola também passa esse recado. Desde pequena, eu aprendi a respeitar as pessoas. Uma criança em um ambiente onde os próprios familiares falam mal dos outros já cresce querendo maltratar. Para o homem que me agrediu, nem tenho raiva nem nada. Só quero que ele aprenda e não faça isso com outras pessoas.;

Meirione Fernandes Belchior Gomes, 33 anos, vítima de racismo