Luiz Calcagno
postado em 07/09/2014 08:00
Sem saber ler e nem escrever, a baiana de Correntina Epifânia Maria de Jesus Mendes, 97 anos, guarda, de cabeça, dezenas de poesias e músicas compostas por ela. ;Naquela época;, explica fazendo referência à infância, nos idos de 1920, os pais não deixavam as mulheres aprenderem, para que não escrevessem para os meninos. Toda a experiência da idosa se desenrola em arte, música e poesia, que ela apresenta em shows pelo Distrito Federal com o neto, o gaitista Engels Espíritos.
Os termos antigos que ela usa se misturam com a forma simples e frouxa de rir e falar. Vó Pifa, como é conhecida, se mantém jovem e desenvolta ao brincar e contar suas histórias, recitar as poesias (românticas ou eróticas) ou cantar, com voz firme e doce uma de suas variadas canções. Dentre as mais famosas entre amigos e parentes está a intitulada Moleque Malandéu. ;Quando era pequena, namorava um guri que chamava de moleque malandéu. É gente que não trabalha;, explica. A justificativa para tanto ânimo e alegria, segundo ela, é ter nascido em 7 de abril de 1917. ;Era um sábado de aleluia, uma data muito comemorada;, completa.
Com uma tatuagem de flores na perna, ela se queixa que as linhas do tempo marcadas no rosto e nos braços não a ajudam a esconder a idade. Mas não se envergonha ao enrolar a calça até a altura da coxa para exibir o desenho que fez na pele aos 93 anos.
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