Jornal Correio Braziliense

Cidades

Candidatos utilizam ligação com a segurança pública para atrair votos

Pelo menos 32 concorrentes das polícias Civil e Militar, além do Corpo de Bombeiros, tentam um lugar nas câmaras Legislativa e Federal em 5 de outubro

Historicamente, os nomes indicados para chefiar as polícias Civil e Militar nascem de uma longa negociação do governo com a base aliada. A força dos quase 200 mil votos dos integrantes e das famílias envolvidas com a realidade das corporações desperta o interesse de deputados e partidos, que veem nas instituições de segurança grande potencial eleitoral. Os últimos comandantes e diretores só chegaram ao posto por meio de padrinhos nas câmaras Legislativa e Federal. Muitos deles se arriscaram nas urnas, elegeram-se e hoje são influentes no cenário da política local. Com o mesmo objetivo, neste pleito, entre presidentes de associações de categorias, antigos chefes ou mesmo apenas integrantes das corporações, são 32 os que sonham em ocupar uma vaga nos parlamentos nacional e local (veja alguns deles abaixo).

O consultor em segurança pública e ex-secretário Nacional de Segurança coronel José Vicente da Silva credita o alto número de candidatos das forças de segurança à fragilização das corporações. Para ele, a insatisfação dos policiais é que os leva a concorrer a um cargo público. ;Quando há uma estrutura sólida, com bom entendimento entre os servidores, isso não ocorre. Isso acontece porque eles buscam uma vaga na política para lutar pelos anseios das categorias que não foram atendidos, para resolver problemas que tinham de ter sido resolvidos internamente;, argumenta o especialista.

Ele chama a atenção ainda para aqueles que saem candidato apenas para serem liberados do serviço. ;Tem uns que sabem que não possuem viabilidade eleitoral, mas entram na disputa para ter seis meses de licença remunerada;, diz. José Vicente também critica a forma de indicação dos chefes da corporação. ;Padrinhos políticos que realmente exercem uma certa liderança na corporação indicam os comandantes. Mas os indicados, geralmente, não têm a mesma influência interna e, às vezes, não conseguem liderar como deveriam a instituição;, destaca.
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