Com índices de produtividade acima da média nacional em várias culturas, a agricultura familiar no Distrito Federal ainda esbarra em entraves para tornar-se ainda mais participativa no mercado local e abastecer a população urbana com produtos de qualidade, conforme o Correio mostra em série de reportagens publicadas desde domingo. Um dos desafios é aumentar a verba destinada aos pequenos produtores e conseguir usar todo o dinheiro disponível em caixa. Em 2012, por exemplo, foi empregada apenas a metade do valor autorizado. No exercício seguinte, o índice subiu para 67,8%.
Embora o montante destinado pelo governo local à agricultura familiar seja considerado pequeno pela importância do segmento no abastecimento urbano, o orçamento duplicou nos últimos quatro anos. Em 2014, a previsão orçamentária do governo do DF é de R$ 4,7 milhões ; a maior desde 2010. Em 2011, chegou a ser de apenas R$ 797 mil. Mesmo assim, o valor para este ano representa apenas 10,9% de toda a verba destinada para a Secretaria de Agricultura (R$ 43 milhões).
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;Da produção local que chega à mesa dos moradores de Brasília, 70% vêm da agricultura familiar. Por isso, 10% de todo o orçamento para esse segmento é pouco;, analisa Romilton José Machado, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Distrito Federal e Entorno.
Mas, além de receber a verba, existe o desafio de executá-la e fazer os benefícios desse dinheiro chegarem à zona rural. De 2010 para 2013, apenas 30,5% do autorizado foram efetivamente gastos com os pequenos produtores. A maior parte do gasto ocorreu nos últimos exercícios. Em 2010, 0,8% foi usado. Em 2014, 15% foram gastos em seis meses. Com esse dinheiro, o governo pode comprar equipamentos, maquinário e investir em infraestrutura, como melhoramento de estradas. ;Esse dinheiro pode ajudar em políticas públicas eficientes, na capacitação. É isso que dá condição ao produtor de fazer diferente, expandir e melhorar a qualidade dos serviços;, defende Roberto Faria, gerente da unidade de agronegócio do Sebrae-DF.
A Secretaria de Agricultura explica que o montante autorizado é uma projeção, por isso, nem sempre ele chega em sua totalidade à pasta. Mas o secretário Lúcio Valadão garante que o dinheiro efetivamente disponível é usado. ;Em vista das ações realizadas, a agricultura familiar é prioridade do governo. São diversas as rubricas orçamentárias utilizadas para o apoio à agricultura familiar no orçamento da Seagri, da Emater e da Ceasa.;