Cidades

Coletivo de grafiteiros brasilienses é exemplo de superação pela arte

Em comemoração ao Dia Mundial da Juventude, artistas da cidade são convidados a pintar obra na casa da Organização das Nações Unidas em Brasília

postado em 13/08/2014 06:35

O muro da ONU ganhou cores e crítica social dos integrantes do coletivo Oba, que reúne 12 jovens brasilienses: inspiração contra a violência

É com alívio e um sorriso no rosto de Jacson de Jesus , 22 anos, conta a sua história e de seu irmão. Ele entrou para o mundo do grafite há sete anos. Amigos apresentaram o jovem ao hobby, que depois virou profissão. Ao lembrar do passado, ele vê na arte uma forma de salvação. Sem a atual ocupação, Jesus acredita que levaria outra vida. ;Sem o grafite, seriam somente duas opções: estaria preso ou morto;, conta o grafiteiro. Morador de Sobradinho, ele viu muitos colegas morrerem na região por causa do crime. Alguns que tinham envolvimento com o tráfico de drogas ou disputas de territórios. Além disso, Jakó como é conhecido, viu de perto o caçula de três irmãos virar traficante. Uma tristeza que tomava conta da família. ;É bem tenso. Na época, a minha mãe vivia. A cada vez que ela ouvia que alguém tinha aparecido morto, temia que fosse ele. Tinha medo de perder todos para a violência;, relatou.

O jovem conta que são poucas as oportunidades na região, principalmente para a juventude negra. ;O crime, por lá, ocorre durante todo o dia. Em cada esquina, tem tráfico ou prostituição. São escassas as oportunidades. Se as pessoas não focarem em algo, a tendência é virar criminoso.; Jakó mudou de rumo quando passou a se dedicar aos desenhos. O grafite mudou sua vida e ela passou a se dedicar inteiramente à arte. Ele se emociona ao contar que consegui contagiar o caçula. O exemplo do mais velho fez com que o irmão abandonasse o tráfico de drogas. ;Vivo do grafite, que hoje é a minha forma de renda. Conheci a arte em tempo de não me envolver com o crime. Hoje, estamos felizes. Eu com minha arte e o meu irmão longe do crime;, garante.



Jakó faz parte do coletivo Oba. Um grupo de 12 grafiteiros que ensinam a arte dos sprays em escolas públicas do DF. Ontem, eles foram convidados a pintar um mural em comemoração ao Dia Mundial da Juventude, na casa da Organização das Nações Unidas em Brasília. No desenho, quatro amigos pintaram o presente e o passado do afrodescendente na sociedade. Na primeira fase da obra, foi retratada a liberdade, com o fim da escravidão, e, por último, a perda do jovem para o crime. ;Conheci o grafite há 16 anos. Com o coletivo, procuramos multiplicar o conhecimento para evitar que os jovens entrem para criminalidade;, explicou o coordenador do movimento, Vinicius Martins, 31 anos. ;A ausência de oportunidade justifica o caminho para a violência. Estamos dando uma opção para os jovens;, completa.

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