Jornal Correio Braziliense

Cidades

'Não existe hospital fechado para paciente crítico', diz bombeiro

"Não tem médico para atender, mas para gritar tem?", questionou o profissional envolvido na discussão com a médica na emergência do Hospital de Ceilândia

O sargento Alan Lins, envolvido na discussão com a médica do Hospital Regional de Ceilândia, na tarde de sábado (26/7), disse que ela perdeu tempo em socorrer a paciente enquanto esbravejava com a equipe do Corpo de Bombeiros. Segundo o militar, o protocolo nessas situações de emergência é que a equipe do Samu leve o paciente direto para a sala vermelha, onde são prestados os atendimentos emergenciais, e explique ao plantonista o motivo do atendimento.

A médica Virgínia Pimentel, no entanto, em vez de questionar sobre o estado da paciente, teria chegado aos berros, perguntando à equipe o motivo de dona Carmoniva ter sido levada até lá. "Foi uma cena chocante. Em 14 anos de profissão, eu nunca havia visto um profissional de saúde agir dessa maneira. Ela estava mais preocupada em questionar o que estávamos fazendo lá do que em atender à paciente, que era cardíaca, usava marcapasso e estava em parada cardiorrespiratória. Não existe hospital fechado para paciente crítico", argumenta Lins.

De acordo com o militar, a profissional levou entre 5 e 7 minutos para fazer o atendimento. "Enquanto ela se importava com questões burocráticas, minha equipe fazia ventilação e massagem cardíaca na paciente", diz Lins. "Não tem médico para atender, mas para gritar com a equipe por minutos tem?", revolta-se.

Carmovina José Gonçalves, 57 anos, morreu pouco depois, dentro da emergência do HRC. Ainda não é possível afirmar se houve negligência no atendimento. O caso foi registrado na 23; Delegacia de Polícia (Ceilândia), mas a 15; apura o caso. A Secretaria de Estado de Saúde do DF informou que a médica será afastada provisoriamente das atividades até que a apuração seja concluída.