A luta da mulher que perdeu os quatro filhos e o marido em uma tragédia na BR-020, em dezembro de 2010, emocionou os brasilienses. A reportagem publicada no Correio mobilizou os leitores e intensificou a campanha virtual promovida por Vânia Borges de Carvalho, 46 anos, para arrecadar fundos e publicar um livro contando a história de como conseguiu superar a dor e seguir a vida.
A notícia foi a mais comentada nas redes sociais do jornal e, até a tarde dessa sexta-feira (25/07), havia sido compartilhada por mais de 500 pessoas, que ficaram impressionadas com a resiliência e força de Vânia. Nem mesmo a dificuldade para garantir a publicação de Pérolas no asfalto ; obra em que conta a história da vida que partilhou com o marido Jarismar Moreira de Carvalho, 43 anos, e os filhos, Rayran, 16, Anna Beatriz, 12, Pedro, 9, e Júlia, 5 ; consegue abalar a professora.
Em um site que reúne projetos de financiamento coletivo, ela lançou campanha na tentativa de reunir doações para garantir a impressão do livro, que traz relatos também da tragédia e da superação desse ;holocausto;. ;Escrevi o livro pensando em ajudar as pessoas que, por algum motivo, necessitem aliviar a dor, a angústia, o desespero, a desesperança e acreditar que a vida nos apresenta muitos motivos para continuar e, acima de tudo, vencer as nossas tragédias íntimas;, ensina. Até as 18h de ontem, o projeto já havia atingido 58% da meta, que é de R$ 7 mil. A mobilização se encerra em 10 dias.
Apesar de algumas limitações impostas pelo acidente ; Vânia tem 70% do corpo queimado, perdeu o movimento da mão direita e terá de fazer algumas cirurgias reparadoras ;, ela voltou a trabalhar no Centro de Ensino Fundamental n; 5, no Guará 2 e faz palestras motivacionais em hospitais, templos religiosos e escolas. Quer levar esperança e incentivar as pessoas a buscarem sonhos. ;Eu tento passar um pouco de alento e ânimo para que enfrentem as vicissitudes da vida com mais serenidade. Vejo que Deus me deixou aqui para isso.;
Trecho do livro
Pérolas no asfalto
;Recebendo todo o atendimento imprescindível para aqueles momentos decisivos, uma equipe médica já se encontrava a postos para a corrida pela minha sobrevivência e a do nosso filho. Não vi mais Rayran...O nosso último encontro ainda em vida foi dentro da ambulância. E o medo, até então não vivenciado, apossou-se de mim: temi não mais rever os nossos filhos e você, Jarinho. Chorei e, quando me encontrava deitada em uma maca recebendo cuidados médicos, fitei os olhos muito azuis do profissional que me atendia e pedi-lhe: ;Doutor, não me deixe morrer!’. Ele prontamente me assegurou: ;Você não vai morrer. Eu vou fazer o que for preciso para que tudo fique bem.;
Ajuda
Quem quiser ajudar a campanha para a publicação Pérolas no asfalto, pode acessar o site do projeto ; www.kickante.com.br/campanhas/uma-licao-de-vida-uma-estoria-real. Na página, é possível fazer doações de valores entre R$ 10 e R$ 160 e muitos lances garantem exemplares do livro depois da impressão da obra.