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Uma grande área de mata virgem no Morro da Cruz, zona rural de São Sebastião, é alvo de desmatamento por supostos grileiros. Por lá, até dois meses atrás, os moradores viam macacos, pássaros silvestres e aproveitavam a sombra das árvores. Mas há cerca de 60 dias, quem vive no local conta que pelo menos 15 homens chegam ao local com machado na mão. Destroem a vegetação e, depois, queimam a madeira, deixando para trás um rastro de destruição.
O caso é investigado pela 30; Delegacia de Polícia (São Sebastião) depois de duas denúncias anônimas registradas em maio e em junho. A assessoria de Comunicação da Polícia Civil do DF informou que investigadores estiveram no local e flagraram várias pessoas cortando as árvores. Assim que as viaturas chegaram, elas tentaram fugir, e uma acabou detida. O homem disse que recebeu R$ 150 pelo serviço, realizado a pedido de um tal Caçula. A corporação informou que segue a apuração para identificar o mandante, que deverá responder por grilagem e crime ambiental (leia O que diz a lei).
A fim de eliminar o mato e esvaziar o espaço para construção, os suspeitos também colocam fogo na vegetação. O Corpo de Bombeiros apagou alguns incêndios no local. ;É muita fumaça logo ao lado da nossa casa. Faz mal a qualquer um;, queixa-se um morador. Quem vive ali reclama do desmatamento, mas prefere não se identificar, pois sofre ameaças. ;Estendíamos a rede e, mesmo em dias ensolarados, a sombra predominava. Era muito agradável acordar ao som dos pássaros;, lamenta outro. Apesar do incômodo, todos denunciam o crime pelo menos desde 2011 (veja Memória).
Escravos
Quem habita há mais tempo em São Sebastião conta que, há alguns séculos, a região abrigava fazendas remanescentes do regime escravocrata. Pela crendice popular, o Morro da Cruz era o lugar em que os escravos recebiam castigos por desobedecerem a ordens superiores, com um cruzeiro de madeira fixado no pico há mais de 140 anos. A área fica atualmente a cerca de 2km do centro de São Sebastião. Alguns moradores conseguiram concessões do governo para a produção agrícola. Outros compraram terrenos das mãos dos grileiros.