Jornal Correio Braziliense

Cidades

Candidatos ao governo do Distrito Federal declaram bens à Justiça

Dos seis concorrentes ao governo com chapas registradas na Justiça Eleitoral, o deputado federal Luiz Pitiman (PSDB) é o campeão de patrimônio



Dos seis concorrentes ao governo com chapas registradas na Justiça Eleitoral, o deputado federal Luiz Pitiman (PSDB) é o campeão de patrimônio. Ele declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) ter bens que totalizam R$ 2,6 milhões, valor 7% superior ao registrado em 2010, quando ele disputou a primeira eleição.

Do patrimônio declarado por Pitiman, o maior valor é referente a uma casa no Lago Norte, estimada em R$ 1,2 milhão. O parlamentar tucano, que vai disputar o Palácio do Buriti pela primeira vez, também possui R$ 305 mil em reserva de dólares para viagens ou negócios. O deputado afirmou à Justiça participar de duas empresas: a Inovarh Representações e Serviços LTDA. e a ACNT Construtora LTDA. Ele também é proprietário de uma lancha com valor declarado de R$ 110 mil.

Em segundo lugar, aparece o ex-governador José Roberto Arruda (PR). O candidato declarou patrimônio total de R$ 1,5 milhão. Como Arruda não disputou eleições em 2010, a última declaração entregue ao TRE havia sido em 2006, quando ele tinha bens com total de R$ 598 mil. Nos últimos oito anos, o patrimônio foi multiplicado por três.

Este ano, o candidato do PR afirmou ao TRE ser dono de salas e garagens no valor de R$ 776 mil, além de um Volkswagen Gol (R$ 30,9 mil). Arruda também tem um apartamento de quatro quartos na 114 Sul de R$ 195 mil e três imóveis residenciais no município mineiro de Itajubá no valor de R$ 281,3 mil. Ele ainda participa do capital social da empresa Engenho Consultoria, num total de R$ 198 mil. O ex-governador possui duas poupanças: uma no BRB (R$ 3,3 mil); e outra na Caixa Econômica Federal (R$ 21,5 mil).

Queda

O governador Agnelo Queiroz (PT) é o terceiro da lista dos maiores patrimônios. Ele declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 906,5 mil, uma queda de 26% em comparação com os bens registrados no TRE em 2010, quando disputou o governo pela primeira vez. Há quatro anos, Agnelo declarou ser dono de quatro imóveis, que hoje não aparecem em sua declaração de bens. No último pleito, ele tinha uma casa no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, um apartamento na SQS 404, um imóvel no Setor Leste do Gama e uma quitinete no edifício Espaço Viena. Este ano, nenhum deles aparece na lista patrimonial. Segundo a assessoria de imprensa, esses bens estão agora na declaração da primeira-dama, Ilza Queiroz, já que eles são casados em comunhão total de bens.

A maior parte do patrimônio atual de Agnelo está em instituições bancárias. Na caderneta de poupança da Caixa Econômica Federal, ele tem depositados R$ 251,7 mil. No BRB, o governador possui R$ 291 mil em aplicações de renda fixa e R$ 90,5 mil em um fundo de investimento financeiro. O petista é dono ainda de um Kia Sportage avaliado em R$ 73 mil.

O senador Rodrigo Rollemberg, candidato do PSB ao governo, tem patrimônio de R$ 638 mil. O número também é inferior aos R$ 671 mil declarados nas eleições de 2010. O bem mais valioso do parlamentar são glebas totalizando 153 hectares na Fazenda Indaiá, em Luziânia (GO), estimadas em R$ 303 mil. Rollemberg possui ainda R$ 86 mil em uma poupança do Banco do Brasil, uma picape S-10 (R$ 59,2 mil) e uma fração de um lote no Park Way (R$ 30 mil). Consta na declaração de bens dois lotes no povoado Lagoa do Pau (AL). Já Toninho do PSol declarou ter R$ 403 mil, bem mais do que os R$ 155 mil registrados nas eleições passadas. Antônio Carlos de Andrade tem um lote no Setor Jardim Botânico, de R$ 273 mil, além de um imóvel em São Gonçalo (RJ).

Visão distorcida

O economista José Matias-Pereira, professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB), entende que as declarações de bens dos candidatos estão muito distantes da realidade. ;O sistema de dados tem como base o da Receita Federal. Então, imóveis aparecem com valores da data do registro. Nesse sentido, existem bens declarados com valores 10, 20 e até 30 vezes menores do que o preço de mercado. Isso acaba dando uma visão distorcida do patrimônio da pessoa;, afirma o especialista.

Matias-Pereira pensa que o sistema poderia ser modificado especificamente para a questão eleitoral. ;O candidato precisa ser transparente e mostrar o que possui, de fato, em valores atualizados. Ele poderia declarar o valor real dos bens, principalmente os imóveis, que em Brasília passam por um intenso processo de valorização. Seria muito simples: bastaria ele optar por divulgar o preço de mercado e não o que valia na época do registro do bem.;