Jornal Correio Braziliense

Cidades

Amigos arrecadam dinheiro para ajudar família de irmãos mortos em atentado

Segundo uma das organizadoras da campanha, os pais dos jovens assassinados precisam reformar a casa, incendiada, para devolver aos donos. O imóvel era alugado

Um grupo de amigos do pai dos dois irmãos carbonizados dentro de casa, em Ceilândia, no último domingo (11/5), começou uma campanha nas redes sociais para pedir doações que ajudem a família a recuperar os móveis perdidos no incêndio criminoso. De acordo com Noemi Viana, uma das amigas que iniciou a campanha em seu perfil do Facebook na terça-feira (13/5), só ontem, o grupo arrecadou R$ 5,5 mil, além de eletrodomésticos e móveis. Segundo Noemi, um banco se ofereceu para custear o enterro do menino de nove anos e da adolescente de 13 anos, que serão sepultados na tarde desta quarta-feira (13/5), no cemitério de Taguatinga.

[SAIBAMAIS]O grupo é formado por cerca de 50 pessoas, que se conhecem do Centro de Ensino de Taguatinga Norte (CETN), onde cursaram o ensino médio, há cerca de 25 anos - o pai das crianças assassinadas também estudou no local. A campanha também está sendo divulgada no grupo do CETN, no Facebook e vai até sexta-feira (16/5). O dinheiro arrecadado será destinado à reforma da residência, que era alugada. Os pais dos jovens assassinados pretendem devolver o imóvel, que precisa ser reformado antes da devolução.



Interessados em ajudar podem depositar a quantia desejada na conta CEF ag. 2458 operação 001 conta corrente 00020083-7, ou enviar as doações para o endereço: Colônia Agrícola samambai, chácara 127, lote 1, em Taguatinga Norte.

O crime



Na tarde de segunda-feira, Márcia Machado da Silva, 43 anos, saiu em direção à igreja evangélica que frequenta na vizinhança. Os dois filhos mais jovens, Drielly e João Guilherme da Silva Santos, respectivamente de 13 e 9 anos, ficaram na residência. Por volta das 16 horas, alguém chamou as crianças, na rua. O menino foi ver quem era e encontrou Rômulo Sebastião Nascimento de Souza, 21, artesão que sempre andava com Marcos Paulo, irmão mais velho das crianças. Ele havia ido ao local mais cedo. Pediu para que João Guilherme o deixasse entrar, pois queria pegar algo que havia esquecido. Inocentemente, o garoto atendeu. O portão foi aberto, o artesão entrou e mudou para sempre a história daquela família. E da pior maneira possível.

Por volta das 13h40, as câmeras da casa em frente filmaram Marcos e Rômulo saindo juntos, normalmente. Rômulo empurrava uma mala sobre um carrinho de feira. Enquanto o amigo foi trabalhar, o artesão ficou pelas ruas, arquitetando uma maneira de voltar à residência da família Santos para pegar alguns objetos que tinha visto. Escolheu um horário que a mãe, Márcia, estaria fora, em orações na igreja. Pensou que os dois filhos menores não ofereceriam resistência. Assim, bateu palmas no portão.

Já dentro da casa, Rômulo disse aos garotos que levaria um notebook e um tablet para quitar o que Marcos Paulo ainda devia a ele, entre R$ 40 e R$ 60. Drielly e João Guilherme negaram o pedido e tentaram esconder os equipamentos. Começaram a gritar para atrair a atenção dos vizinhos. O artesão avançou sobre os dois meninos. Com chutes e pontapés, arrastou a menina para o quarto de solteiro e amarrou as duas mãos de Drielly com o fio de um carregador de telefone. Voltou-se, então, para o menino, que lutava para impedi-lo. Levou João Guilherme para o quarto de casal e bateu nele até que conseguisse amarrá-lo com um pedaço de pano rasgado. Quando voltou à sala, percebeu que a menina havia se soltado.

Irritado, amarrou novamente as mãos dela, desta vez em torno da cabeça. Pegou uma caixa de fósforos e colocou fogo no colchão. Saiu, trancou a porta e prendeu com uma cadeira. Foi ao quarto onde estava o garoto e incendiou o lençol. Trancou a porta na saída. Arrastou um sofá grande, espalhou álcool sobre ele e acendeu um palito de fósforo. Deu as costas, pegou o computador, o tablet, três celulares e uma máquina fotográfica e saiu da casa normalmente.

Rômulo foi preso em flagrante pouco tempo depois do crime, na casa da namorada, no P Sul. Na 15; DP, confessou o crime com naturalidade, segundo o delegado Johnson Kenedy Monteiro. ;Ele narrou com riqueza de detalhes tudo o que aconteceu dentro da casa. É um sujeito extremamente frio, não chorou e não demonstrou emoção ou se disse arrependido;, descreveu Kenedy. Rômulo vai responder por duplo latrocínio.