Em alguns casos, foram 40 dias sem o alimento. Bem ou mal passados, ao ponto, picados, temperados, fritos ou assados, os cortes de bovinos, suínos e aves deixaram muita gente com saudade durante o período da quaresma. A partir de hoje, a carne começa a voltar ao cardápio dos brasilienses mais religiosos. O fim da penitência é celebrado em restaurantes da capital federal já neste Sábado de Aleluia e, principalmente, amanhã. Em alguns casos, estabelecimentos esperam de 30% a 50% de aumento nos pedidos pelo alimento.
Entre as 11h30 e as 14h de ontem, a reportagem do Correio Braziliense percorreu restaurantes do Plano Piloto, do Sudoeste e do Lago Sul para ouvir gerente e clientes sobre a procura de carne. Alguns estabelecimentos já se preparavam para o fim do feriado religioso, mas, como ainda era Sexta-feira da Paixão, a carne branca e tenra dos peixes e os sabores fortes dos frutos do mar ainda recheavam a maioria dos pratos de fregueses. Mas muita gente já tinha, no pensamento, o almoço do dia seguinte. Aguardavam ansiosamente pela volta do filé suculento, do bife acebolado, ou outras variações do cardápio.
É o caso do empresário Galbo Gonçalves, 29 anos, da mulher, a administradora Grasiele Barreto, 29, da mãe do jovem, a funcionária pública Elisia Gonçalves, e de um amigo, o corretor José Carlos Zordan, 58. Ontem, eles almoçaram uma peixada com frutos do mar, mas hoje o cardápio é carne vermelha. ;Cortamos a carne e a bebida, mas amanhã (hoje) a gente está liberado. Sentimos falta, e ainda tem a tentação. Tudo que é proibido, que você não pode, é mais convidativo. O desejo é maior;, sorri Galbo. ;A carne faz parte do prato predileto de todo brasileiro. Não temos o hábito de comer peixe. Só em datas especiais;, completou José Carlos.
Grasiele concorda com o marido e com José Carlos. ;Hoje em dia, tudo que se faz tem carne, seja de porco, seja de boi. É um alimento que está no café da manhã, no presunto do misto quente e no prato do almoço;, afirmou. ;Também comemos peixe por tradição, mas, nesse caso, é uma questão religiosa, de respeito;, concluiu Elisia.
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