Jornal Correio Braziliense

Cidades

Sem licitação, três empresas operam as linhas de ônibus do Entorno

Uma deles pertence ao ex-senador Valmir Amaral, que deixou o sistema brasiliense após concorrência



Os sistemas de transporte público do DF e das cidades do Entorno têm diferenças relevantes. Além de Brasília contar com uma frota renovada quase que completamente, no Entorno, o salário-base de um motorista é de R$ 1,4 mil e o tíquete-alimentação de R$ 300. O valor não é tão abaixo dos R$ 1,8 mil pago aos condutores que rodam por aqui, mas os constantes atrasos no pagamento dos vencimentos e dos benefícios dos funcionários goianos os colocam em uma situação de insegurança absoluta.

[SAIBAMAIS]Trabalhadores da Viação Anapolina (Vian), por exemplo, cruzam os braços diariamente, desde o fim de semana, para reivindicar os ordenados de janeiro e fevereiro. A promessa da direção da companhia é de que, hoje, o dinheiro cairá na conta dos grevistas. Já o vale-alimentação deve ser repassado até sexta-feira. O serviço foi parcialmente restabelecido, ontem, em Valparaíso, em Luziânia e no Novo Gama. Na Cidade Ocidental, porém, os rodoviários optaram por manter a paralisação até serem recebidos pelos patrões.

O problema da Vian se estende às 13 empresas que atuam na região, de acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários do Entorno, Reinan Rocha. ;Todas as empresas do Entorno estão com problemas financeiros com os funcionários, seja pelo salário, seja pelos demais benefícios, como o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), auxílios e multas trabalhistas;, afirma. Isso significa um universo de 5 mil motoristas e cobradores nessa situação. Os ônibus em que trabalham têm idade-média de circulação de 12 anos, 7 anos a mais do que o recomendado pela Agência Nacional de Transportes Terrrestres (ANTT). Mas há coletivos com 20 anos de uso.

Muitos desses veículos foram adquiridos pelas empresas após a renovação da frota do DF, conforme revelou o Correio, em janeiro. Fabricados entre 1996 e 2009, os ônibus foram colocados à venda pelos grupos econômicos que não permaneceriam no sistema. Os preços cobrados eram de R$ 28 mil. Os anúncios eram divulgados em portais especializados em transportes e vendas de produtos diversos e em outdoors. A questão também atinge a tentativa de manutenção da influência dos tradicionais barões do transporte. Expulsos da operação no DF, eles continuam a comandar a circulação dos 1,1 mil coletivos que ligam Goiás ao centro de Brasília.
Grupo Amaral

O Grupo Amaral é um dos que mantém as atividades na área. Há mais de um ano, o Governo do Distrito Federal fez uma intervenção no grupo, por causa de atrasos e desvios de itinerários. Propriedade do ex-senador Valmir Amaral, o conglomerado acabou limado do sistema candango. Hoje, duas empresas dele, a ESA e a Rápido Planaltina, atendem às linhas de Águas Lindas, Santo Antônio do Descoberto e Planaltina de Goiás. Em Luziânia e no Novo Gama, quem manda é a Vian e a Vialuz, do grupo Odilon Santos ; que abarca 10 empresas do ramo no Centro-Oeste. Santos também é dono da Viação Araguarina e Goiânia, que mantém o monopólio do transporte na BR-060, entre Goiânia e Brasília. A terceira grande empresa do Entorno é a Taguatur, do maranhense José Medeiros.

Mesmo com a péssima qualidade, o serviço custa caro aos usuários. As tarifas para cruzar a divisa Goiás-Brasília oscilam entre R$ 1,15, no trajeto Novo Gama-Gama, e R$ 4,95, de Luziânia a Taguatinga, enquanto as passagens no DF não passam de R$ 3. Porém, na maioria dos casos, os moradores de Valparaíso vão até Santa Maria (DF) de carona ou ônibus, e, de lá, pegam um ônibus até à Rodoviária do Plano Piloto. Do principal terminal de Brasília, eles ainda precisam pegar mais um ônibus até as Asas Norte e Sul ou demais regiões administrativas do DF. Em um dia, vão-se seis passagens e aproximadamente R$ 15. Ao fim de um mês, são mais de R$ 300 somente para custear a ida ao trabalho e avolta dele.

Sem aumento

De acordo com o assessor jurídico da Viação Anapolina, Antenor Brito, o atraso nos pagamentos se deve ao fato de há dois anos a empresa não fazer reajustes de suas tarifas. ;Nesse meio tempo, tivemos um aumento de 24,73% com pessoal, gasto que representa 43% do custo da tarifa;, disse ele, que também citou o aumento do diesel.

As operadoras


; Grande Brasília
; Monte Alto
; Rota do Sol
; Sagres
; Santo Antônio
; Vaztur
; Viação Águas Lindas
; Viação Anapolnia
; Viação Luziânia
; Viação Nova
; Taguatur
; Rápido Planaltina

Assista à reportagem da TV Brasília


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