;Acho que a gente tinha que passar pela experiência de erros e acertos para ganhar confiança de que esse nosso jeito de trabalhar poderia funcionar em outros contextos tão desafiadores quanto o setor público;, conta ele. ;A Mandalah agora percebe que está na hora de alçar novos voos;, acrescenta. Uma das ideias é montar um site de transparência.
A Mandalah tem unidades em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Tóquio, em Nova York, em Berlim e na Cidade do México, sempre com um foco: as pessoas, suas necessidades, desejos e preocupações. A empresa consegue tornar palpável a inovação e empregar uma nova cultura comercial: a de que é preciso visar, além do lucro, o que pode ser mudado na vida da sociedade. Bustani lembra que já se sabe, por meio de pesquisas empíricas, que as empresas dotadas de um propósito pautado por estratégias socioambientais são mais cotadas, por exemplo, nas bolsas de valores.
Confira entrevista na íntegra:
O que impulsou a criar a Mandalah?
A gente queria trazer o pensamento social para dentro dos negócios, não como apenas um auxílio, mas que fosse essencial. Na própria raiz do comércio, trazer uma consideração social para garantir que ele próprio esteja a serviço de melhorias na vida das pessoas.
Quando perceberam qua a Mandalah poderia atuar junto ao poder público?
A gente ouviu esse chamado no ano passado, nas manifestações de 2013. Como elas permaneceram vivas desde então nossa vontade de criar alguma coisa em torno desse clamor veio se intensificando. Temos articulado essa ideia junto a outras pessoas para fortalecer esse projeto para trazer credibilidade, permitir que fosse o mais viável possível na sua estruturação e, finalmente, batemos o martelo recentemente bem no momento em que as últimas manifestações do mês se intensificaram.
Você acredita que a política brasileira como se mostra hoje está preparada para as teorias da Mandalah?
Acredito que sim, por que o modelo atual nunca se mostrou tão falido, vide os índices de reprovação dos governantes nas três esferas do nosso país. Estamos tentando acelerar a introdução de um novo jeito de se fazer política no Brasil. E, a partir do momento em que vamos subsidiar governantes com conteúdo e conhecimento mais alinhados à realidade brasileira e as carências da população, não vejo como vão rechaçar essa ideia. Esse conteúdo vai permitir que esse governantes permaneçam em seus cargos.
O que os empresários precisam ter para entender os conceitos que a Mandalah traz para o mercado?
Primeiro, um pensamento mais sistêmico em relação ao impacto das atividades comerciais da empresa que esses executivos lideram. Em segundo lugar, uma disposição para criar e aprofundar diálogo com um grande número de stakeholder, são pessoas que não têm uma ligação direta com a empresa, mas que mesmo assim pertence ao mesmo ecossistema da empresa. E também, um certo rigor um comprometimento na criação de uma agenda compartilhada, onde o valor que essa empresa gera é distribuído entre todos que partiparam desse valor.
Você foi eleito uma das 100 pessoas mais criativas do mundo. O que significa ser criativo hoje?
Quanto a essa colocação, eu teria um certo cuidado com os exageros. Existem milhares de brasileiros fazendo trabalhos extremamente criativos e transformadores. Apenas fui apontado com um deles por revista americana. Criatividade tem muito a ver com outras três palavras que também começam com a letra ;c;: coragem, compaixão e consciência. Acredito que quando se tem coragem para mudar um contexto vigente, compaixão para sentir as necessidades dos que estão ao se redor e consciência para trazer a intenção para aquilo que você faz, essas três coisas juntas permitem desenhar cenários inusitados e favoráveis.
O que empreendedor de hoje precisa para ter sucesso?
Além de precisar ter muita coragem, já que o contexto brasileiro é adverso ao empreendedorismo por inúmeros motivos, ele precisa ser sensível as demandas ainda não atendidas para que o negócio preencha essa lacuna e esteja a serviço do próprio desenvolvimento do país e do aprimoramento da quallidade de vida das pessoas.