Jornal Correio Braziliense

Cidades

Casos recorrentes de racismo e de injúria racial chamam a atenção no DF

No caso da manicure ofendida em um salão de beleza da Asa Sul, a acusada trabalha na CEB e responde a mais de uma sindicância interna na companhia por "indícios de atitudes racistas". Ela está em liberdade



A capital que abriga gente de todo canto do Brasil e tem representações diplomáticas de diferentes continentes cultiva a intolerância contra a cor da pele do seu semelhante. Enquanto uma parcela da população assiste perplexa aos recorrentes crimes de racismo, as vítimas são tomadas pela impotência e pela revolta, pois não conseguem o respaldo legal para a punição exemplar dos algozes. São tantos casos no Distrito Federal que o governo determinou a criação de quatro seções especializadas em crimes de racismo e de injúria racial dentro de unidades policiais.

[SAIBAMAIS] Além da intolerância praticada duas vezes contra a cobradora Claudinei Gomes, inclusive ao ser impedida de registrar a ocorrência na delegacia, um dos casos mais recentes envolve a funcionária da Companhia Energética de Brasília (CEB) Louise Stephanes Garcia Gaunth. Na última sexta-feira, empregadas e clientes de um salão de beleza na 115/116 Sul se revoltaram quando ela ofendeu a manicure Tássia dos Anjos, 22 anos. A cliente teria dito que a trabalhadora negra era ;raça ruim; e ainda pediu que a vítima se retirasse. A australiana foi presa em flagrante e libertada pela Justiça em menos de 24h.

Entrevista com a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-DF, Indira Quaresma

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Essa não seria a primeira denúncia contra a acusada. Por meio de nota, a CEB esclareceu que a empregada responde a mais de uma sindicância interna na empresa por ;indícios de atitudes racistas;. A companhia informou que encaminhará para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios o resultado da apuração. Em relação ao episódio contra a manicure, a CEB analisa quais medidas administrativas poderão ser tomadas.

Tássia voltou ao trabalho ontem. ;Ainda estou em choque. A agressão verbal dói mais do que qualquer outra. A vida continua. A melhor resposta para isso é seguir em diante com mais força que nunca;, desabafa. Para ela, no entanto, o desfecho inicial do caso se mostrou uma decepção. ;Pensei que ela (Louise) pagaria pelo que fez. A polícia veio e a levou para a delegacia no mesmo momento. Mas, no outro dia, acordei com a notícia de que ela havia sido liberada;, lamentou.

Entrevista com a manicure Tássia dos Anjos, vítima de racismo

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