Jornal Correio Braziliense

Cidades

Distrito Federal registra média de 11 casos de racismo por mês

Alta demanda do serviço de Disque-Racismo comprova que esse crime ainda é recorrente. Australiana que havia agredido manicures negras na Asa Sul foi solta por determinação da Justiça


Em menos de um ano, o Disque-Racismo do Distrito Federal recebeu aproximadamente 8 mil ligações. Do total, 126 foram classificadas como racismo ; uma média de 11 casos por mês. Os crimes ocorreram entre março do ano passado e este mês, em diversos pontos do DF. Em 2012, de acordo com números da Secretaria de Segurança Pública do DF, foram 407 registros de racismo e injúria racial. Somente na última sexta-feira, pelo menos duas mulheres foram vítimas da intolerância e do preconceito por conta da cor da pele. Em um dos casos, a acusada, uma australiana, foi presa em flagrante. Não ficou nem 24 horas detida e já foi solta. No outro, a mulher ainda não foi identificada.

Os casos registrados pelo Disque-Racismo indicam que, a cada mês, pelo menos 11 ocorrências de racismo são registradas no DF. Nas denúncias não estão incluídos os casos de injúria (veja O que diz a lei). Os funcionários que recebem as ligações são preparados para fazer o acolhimento, tirar as dúvidas e classificar as denúncias de acordo com o que é relatado. O programa é coordenado pela Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial do DF (Sepir-DF).

O secretário da pasta, Viridiano Custódio, explica que tem trabalhado em projetos para o combate ao racismo. São realizadas palestras com a sociedade, com o objetivo de garantir a história da cultura negra e dos africanos. Custódio reprova as ofensas sofridas pelas duas vítimas na sexta-feira e diz que as mulheres serão procuradas pela equipe. ;Vamos oferecer um serviço de acompanhamento. Temos acordo com a Defensoria Pública e com a Ordem dos Advogados do Brasil. É importante que as pessoas registrem ocorrência. Hoje, já temos uma conscientização da sociedade para não tolerar mais esse tipo de crime;, afirma.

Coordenadora do Movimento Negro Unificado do DF, Jacira da Silva afirma que é preciso dar um basta em todos os tipos de discriminação racial. Ela explica que o racismo sempre vem depois de uma ofensa, um tumulto ou uma desavença. ;Mas a pessoa discriminada está buscando seus direitos, fazendo boletim de ocorrência, chamando a polícia. A vítima tem de denunciar. Quem discrimina precisa responder pelo que fez;, diz. Jacira afirma que qualquer tipo de discriminação afeta um grupo muito maior do que só a própria vítima. ;Estão agredindo a nossa história. É um pedacinho de cada um. Quando alguém é discriminado, todo povo brasileiro é discriminado. Nossa origem é africana. É preciso dar um basta nessa intolerância;, complementa a coordenadora do movimento.


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