Três dias após a morte de Leonardo Almeida Monteiro, 29 anos, Ana Cleide Almeida, 55, não consegue voltar ao apartamento da família, em Águas Claras. Foi em frente ao prédio, na Rua 34, que três assaltantes mataram o jovem com um tiro no pescoço. O crime aconteceu por volta das 22h30 da última terça-feira. É com a ajuda de familiares e amigos que ela enfrenta a ausência do filho único. Apesar do sofrimento, participa hoje de uma manifestação na cidade contra a violência.
Ana Cleide recebeu ontem o Correio na casa de uma das irmãs, na Asa Sul. Descreveu a dor que sente e os últimos momentos com o jovem. Naquele dia, ele a levou ao dentista e a deixou nesse mesmo imóvel. A esteticista tinha feito uma cirurgia recentemente e precisava de cuidados. Por isso, decidiu não ficar no apartamento de Águas Claras. ;Como a gente não tem segurança, tem de orar e pedir a Deus nos proteger ao sair. Nesse dia, ele me deixou na casa da minha irmã, e eu disse: ;Deus te acompanhe e te guarde, meu filho;. Ele me respondeu: ;Amém, obrigado;. Essa foi a última vez que a gente se falou;, contou, emocionada.
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Mãe e filho moravam em Águas Claras havia seis anos. Eles vieram de São Paulo refazer a vida em Brasília após a morte do marido dela, quando Leonardo tinha 15 anos. ;Criei o meu filho trabalhando três turnos e o ensinei desde cedo a trabalhar. Como direcionava a minha vida para ele, decidi fazer faculdade aos 50 anos para dar o exemplo e, hoje, questiono se devo continuar;, disse. O jovem estudou no Colégio Corjesu e, mais tarde, formou-se em administração. Trabalhava em uma casa noturna de Taguatinga. Também jogou basquete pelo Clube Vizinhança.
Como os dois pouco se viam durante a semana devido à rotina de trabalho e de estudo, os almoços de sábado e domingo eram sempre reservados para conversas. Eram os dias em que Ana Cleide cozinhava os pratos preferidos do filho e da namorada dele, Rose Fidélis, 29 anos. O casal, aliás, pensava em se casar. Leonardo havia passado no concurso da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). ;Destruíram não só a minha família, mas a família que eles estavam construindo também;, lamentou.
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