As mãos em contato com a terra úmida são mais do que uma atividade lúdica, sãos também um compromisso que os estudantes da Escola Classe 602, no Recanto das Emas, firmam com a consciência ambiental. Eles acompanham desde a coleta das mudas de jatobá ao crescimento das folhas de alface, por meio do projeto Viveiro Cultural. Nele, são realizadas oficinas de paisagismo e jardinagem e também de iniciação à arte circense. Após quase seis meses de atividades, os garotos expõem, nesta semana, as conquistas e as dificuldades da empreitada em uma apresentação a toda a comunidade escolar.
O Viveiro Cultural surgiu há quatro anos e atende escolas do Recanto das Emas. ;Quis fazer aqui porque foi onde estudei e me criei. Sei como a população daqui necessita de atividades como essa, explica o coordenador do programa, Allan Santos, 31 anos, integrante do grupo de teatro Voar Arte para Infância e Juventude.;Nós reunimos atores e profissionais ligados à questão social para desenvolvermos o viveiro. O legal é que todos nós temos a experiência de morar ou ter contato com chácaras, com o meio ambiente;, diz.
Em 2013, o Voar Arte levou a quatro instituições de ensino o Viveiro Cultural e, somente na EC 602, 100 crianças de 10 a 14 anos estão inscritas. Em um canteiro antes abandonado, nos fundos da escola, eles montaram a horta e cultivaram as cerca de 200 mudas e sementes. São exemplares ornamentais e do cerrado, como o mulungu, o pau d;alho, a paineira, o flamboyant-mirim, entre outros. Sementes de verduras e legumes, como cenoura, beterraba, coentro também estão na lista.
;O bom é que não precisamos mais comprar a alface lá em casa. Posso levar daqui;, comemora Thayná Campos Coelho Oliveira dos Santos, 11 anos. A menina conta que já tinha o hábito de ajudar a mãe na pequena horta que mantém em casa, mas que o interesse aumentou depois das atividades.
Um mundo novo se abriu para o pequeno Igor Levy Passos Caldas, 11 anos. Matriculado no 6; ano, ele não tinha contato com rastelo, pás ou outros elementos. ;Foi uma experiência diferente de tudo o que eu já vivi;, conta o garoto. Ele garante que plantou pelo menos metade das mudas do viveiro e que o comprometimento envolve também a manutenção do espaço. O interesse despertado durante as oficinas se estende, inclusive, ao ambiente familiar. ;Vou fazer minha horta lá em casa. É tudo cimentado, mas vou quebrar uma parte até chegar à terra, onde posso colocar as mudas;, explica. O plano deve ser executado em breve, segundo ele, e só falta um mínimo detalhe. ;Tenho que pedir a autorização da minha mãe;, ri.