Dona Benedita Pereira da Silva Rocha faz parte das primeiras gerações do povoado. Aos 101 anos, ela é a mais velha quilombola da região, mas prefere esconder quantas primaveras viveu. Diz ter 90 e poucos anos. Bita Toca, como é conhecida, traz na pele os sinais dos longos anos que passou sob o sol arando o solo com uma enxada. Hoje, longe da terra, ela sente saudades de roçar. Ao recontar as histórias da época, o olhar da nativa mira ao longe. ;A nossa terra é fértil. Plantei arroz, feijão, algodão, açafrão, cana caiana. Nos ;enfarturamos; muito. Fazia farinhada grande e beiju;, relembrou.
SenzalasApesar da idade avançada, a centenária mantém frescos parte dos relatos que ouviu dos antepassados. A descendente de escravos guarda na memória um dos momentos mais assustadores presenciados por ela. Aos 13 anos, lembra-se de uma revolta que derramou sangue pelo território quilombola. ;Em 1925, eu avistei gente armada andando a cavalo. Nós não nos mexíamos. Se a gente abrisse o bico, eles atiravam em nós. Eles matavam à toa. Eu vi gente morta, ué. Tiravam a vida de vacas também para comer e iam embora. Era um povo bonito, estrangeiro e até bom de prosa. Tinham carros cheios de fuzis. Tive muito medo;, relatou a remanescente.
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