Flávia Maia
postado em 24/11/2013 06:05
Há 20 anos, a auxiliar de cozinha Raimunda Nonata Vieira dos Santos, 42 anos, deixou a escuridão de Floriano, no Piauí, para morar no Distrito Federal. Ela trocou o sertão nordestino pela capital do país, mas não se livrou das constantes quedas de energia. No último dia 14, Raimunda Nonata e a família ficaram cerca de 96 horas às escuras. Foi a gota d;água, segundo a moradora da QNN 23, em Ceilândia Norte. Durante quase quatro dias inteiros, a mulher precisou mudar a rotina da casa simples. No lugar da luz elétrica, acendeu velas por todo o imóvel. Viu alimentos congelados apodrecerem na geladeira. Conseguiu salvar algumas peças de carne graças aos vizinhos que não passaram pela mesma angústia. ;Perdi dois quilos de carne que havia separado para comer durante a semana. Além de verduras que já estavam refrigeradas e que não prestaram depois. Estragou tudo. Só comprei comida depois que a luz voltou;, lamentou.
Segundo a piauiense, a CEB não explicou os motivos para o longo período sem luz em parte das casas da região. ;Liguei várias vezes para que o serviço fosse normalizado. No sábado ; três dias depois do início do apagão ;, veio uma equipe da CEB e não adiantou. Continuei no escuro. Eles disseram que a demora aconteceu porque havia apenas uma equipe para atender toda a Ceilândia;, contou Raimunda Nonata. A falta de técnicos deveu-se à greve da companhia (leia Entenda o caso). ;Eu dou graças a Deus por não ter queimado nenhum aparelho da minha casa.;
A suspensão do fornecimento energia que afetou Raimunda teve uma duração atípica. Entre janeiro e setembro deste ano, os brasilienses ficaram, em média, 11 horas sem luz elétrica na residência ou no trabalho. Foram 10,33 vezes sem eletricidade. Em regiões mais afastadas, a situação é pior. Na zona rural do PAD Jardim, o número foi três vezes maior: 31 horas sem energia e 30 interrupções, uma média de 3,33 interrupções por mês. Os moradores de São José, Contagem e Mangueiral enfrentaram problema semelhante.
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