Nem só de universitários viveu a resistência contra a ditadura militar em Brasília. Os secundaristas movimentaram as escolas do Distrito Federal, inclusive com paralisação de aulas e tomada de gestão. O Clube da Imprensa também tornou-se reduto de opositores. Com movimentos sindicais ainda incipientes e as sedes muito vigiadas, restou aquela alternativa. O Centro Cultural de Brasília (CCB), casa de jesuítas, abrigava a Pastoral da Juventude e se envolveu em questões policiais. Padres chegaram a visitar estudantes nas delegacias e o próprio CCB serviu de espaço para reuniões.
Álvaro Lins, hoje dono de uma empresa de marketing político, chegou a Brasília em 1961. No fim da educação básica, passou no concurso para o Centro Integrado de Ensino Médio (Ciem), onde hoje funciona o ambulatório do Hospital Universitário de Brasília (HUB). O colégio era uma iniciativa pioneira, capitaneada por Anísio Teixeira. A ideia era formar cidadãos com capacidade crítica. Por esse motivo, o Ciem também tornou-se foco de atenção por parte do governo. ;Acabei expulso em 1967 por questionar uma decisão arbitrária do diretor adjunto;, lembra Álvaro. O diretor era conhecido como padre Montezuma e expulsou a aluna Hileana Menezes Pinto, por ela ter uma postura ;avançada;.
O engajamento iniciado no colégio não morreu com a expulsão. Em junho de 1968, em meio a uma passeata na altura da 506 Sul, foi preso pela primeira vez. ;Fomos cercados. Corri pra um prédio e estávamos entrando no elevador quando veio mais um cara. Achei que fosse outro estudante, mas ele jogou uma bomba de gás dentro. Mais homens chegaram e me bateram muito;, conta.
O Diretório Central dos Estudantes Secundaristas de Brasília (DCESB) era acusado de atuar nas manifestações de 1968, bem como de vinculação com organizações clandestinas de esquerda, como o Partido Revolucionário Trotskysta (Port), a Ação Popular (AP), a Ala Vermelha do Partido Comunista e a Aliança Libertadora Nacional. O movimento secundarista tinha atitudes mais agressivas e estava espalhado por todo o DF. No Colégio Agrícola de Planaltina, 106 alunos, que moravam e trabalhavam no local, consideravam estar submetidos à exploração de mão de obra sem proveito educacional. Depois de conversas sem resultado com a direção, os alunos decidiram, em 4 de julho, tornar a escola um território livre. Expulsaram o diretor e passaram a controlar a escola. A polícia chegou na madrugada. Os líderes fugiram pelo cerrado. O Ministério da Educação e Cultura, ao qual o colégio era ligado, desligou 80 estudantes. Logo depois, veio a ocupação do Elefante Branco, que também terminou com a expulsão de alunos, desta vez revertida pela Justiça.
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