Membros de uma família foram feitos reféns por dois assaltantes armados por pelo menos uma hora, nesta quinta-feira (31/10), no Núcleo Bandeirante. Mãe e dois filhos estavam em casa, quando um homem que havia comprado tênis de um dos irmãos no dia anterior chegou ao apartamento com um comparsa, por volta das 11h30. Sem ser percebido, o outro irmão conseguiu pedir socorro. Cercados por policiais civis e militares, Daniel Moreira de Souza, de 30 anos, e Adamilton Rodrigues de Brito, 34, renderam-se às 12h45.
Ao invadir o imóvel, no térreo, a dupla de assaltantes abordou apenas um dos irmãos, vendedor de 30 anos, e a mãe, aposentada de 54. Sem ameaças de morte ou lesões físicas, os criminosos mantiveram a mãe na sala e amarram o homem com fita crepe em um dos quartos, enquanto recolhiam os bens da família em bolsas. Em outro quarto, de cuecas sobre um colchão, dormia o irmão mais novo. ;Acordei quando um deles abriu a porta com força, mas não me viu;, contou o estudante de 21 anos.
Por uma janela, após perceber a situação, o rapaz conseguiu deixar a residência e avisar sobre o assalto a uma vizinha, que acionou a a Polícia Militar. Uma equipe do 25; Batalhão compareceu ao local. ;Os policiais bateram à porta, que demorou a ser aberta. Quando abriram, um dos assaltantes sacou a arma da cintura e apontou contra eles;, relatou o delegado-chefe da 11; Delegacia de Polícia, João Carlos Lóssio. O perímetro do prédio foi cercado viaturas dos bombeiros e das polícias Civil e Militar.
Em conversa com negociadores do Departamento de Operações Especiais (DOE) e da PM, a dupla cedeu. Para deixar o imóvel, Adamilton deixou a arma com a aposentada e Daniel tentou passar-se por cliente da família, segundo Lóssio. ;São indivíduos altamente perigosos, procurados há mais dois meses por nossas equipes;, disse. Ocorrências dos últimos meses descrevem criminosos com as características da dupla como autores de furtos e roubos no Núcleo Bandeirante e no Park Way, conforme o delegado.
O irmão mais velho revende produtos - como óculos e calçados - trazidos dos Estados Unidos. Em redes sociais, divulga contatos telefônicos e o endereço residencial, na Terceira Avenida. ;Às 15h30 da tarde anterior, Adamilton foi ao imóvel. Levou uma mulher, prostituta, para disfarçar;, detalhou o Lóssio. ;Foi fazer um levantamento, saber o que tinha na casa.; Na ocasião, segundo testemunhas, o suspeito comprou um tênis e deixou outro pago, no valor de R$700, a ser buscado na tarde seguinte.
;Abri a porta pensando ser alguém do prédio, até porque falou que ia buscar um tênis;, disse a mãe das vítimas, rendida ao abrir a residência. ;Só tinha visto armas daquelas em seriados.; Com a dupla, a polícia apreendeu duas pistolas de uso restrito - uma .40 de propriedade da PMDF e uma .45, de numeração raspada. Em frente ao bloco, os suspeitos deixaram uma Saveiro, fruto de roubo.
Autuados em flagrante, os detidos responderão por porte ilegal de arma de uso restrito - crime com pena de 3 a 6 anos -, cárcere privado - 1 a 3 - e roubo triplamente qualificado, conforme Lóssio. Adamilton, diz o delegado, possui no mínimo três mandados de prisão em aberto: contra ele, há abertos 16 inquéritos no Distrito Federal, 12 deles por homicídio. Contra Daniel, segundo Lóssio, há registros por furto, tráfico de drogas e homicídio. ;Apuraremos a origem das armas;, afirmou o titular.
Dois homens também participaram do roubo da caminhonete, de acordo com a ocorrência, a qual o Correio teve acesso. Por volta das 12h do último dia 4, a dupla chegou a um lava jato no conjunto 6 da QR 306, em Samambaia. Sem mostrar armas, os assaltantes renderam duas funcionárias. ;Eu só quero a chave da Saveiro, eu só quero a chave da Saveiro;, repetia um deles. Após resistência da gerente, de 28 anos, um deles então sacou arma de fogo e apontou contra a cabeça da vítima, que entregou o instrumento e, em seguida, foi trancada no banheiro do estabelecimento. O carro era de uma cliente.
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