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Wagner Canhedo: fama veio com negócios, ambição, ostentação e calotes

Do seleto grupo de bilionários, Wagner Canhedo de Azevedo enfrenta hoje dívidas trabalhistas e uma avalanche de ações judiciais. Desde sábado, está atrás das grades

;Devo, não nego. Não pago nem se puder.; Seguindo a sua máxima, conhecida entre o empresariado brasileiro, Wagner Canhedo de Azevedo, 77 anos, parou atrás das grades, condenado por sonegação fiscal praticada entre 1997 e 1999. Policiais civis do Distrito Federal cumpriram mandado de prisão da Justiça de Santa Catarina no sábado de manhã. O rombo nos cofres catarinenses foi de R$ 486 mil, à época, segundo consta na sentença, à qual não cabe mais recurso. O empresário, que fez fortuna colecionando escândalos, enfrenta uma avalanche de ações judiciais e assiste à derrocada de seu império.

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Da infância pobre em Potirendaba (SP), onde nasceu, ao seleto grupo de bilionários, Canhedo tornou-se conhecido pelos negócios, a ambição, a ostentação e os calotes. Transitou como poucos no meio político. E, das amizades nesse universo, fez fortuna por meio de transações suspeitas. Na mesma velocidade que enchia os cofres, acumulava dívidas fiscais e trabalhistas. Somente da Vasp, a empresa aérea comprada do governo de São Paulo em 1990, que teve a falência decretada em 2008, ele deve R$ 1,5 bilhão à Justiça do Trabalho, distribuídos em 4.833 processos.

Nascido em 20 de janeiro de 1936, Wagner Canhedo Azevedo é filho de Alzira Canhedo Azevedo e de Joaquim Canhedo, um espanhol que aos 8 anos deixou a cidade de Nerja, na região da Andaluzia, e imigrou para o Brasil, onde começou a vida como caminhoneiro. Aos 10 anos, Canhedo lavava motores. Aos 16, já administrava a própria oficina mecânica. Trocou os estudos pelo trabalho. Dez anos mais tarde, já morando na recém-inaugurada Brasília, se tornou um milionário transportando mercadorias com uma frota inicialmente de oito caminhões.