Seca. Tempo de chuva pouca, insignificante, inexistente. A névoa poeirenta, que não assenta nunca, é inimiga dos alérgicos, dos habitantes de tantas ruas sem asfalto nos rincões de pobreza do Distrito Federal. Mas nem tudo é tão ruim. A estiagem tem lá suas vantagens. A mesma poeira rende cada beleza de pôr do sol. Sem nuvem e sem sombra, os dias quentes e secos são dinheiro no bolso de peregrinos vendedores de refresco. É o tempo certo para armar concreto e subir pilastra nos canteiros de obras. É hora de comer morango.
O galpão da chácara União Familiar tem cheiro doce. É o aroma dos morangos frescos, esperando para serem unidos em bandejas plásticas. O nome da propriedade é autoexplicativo: plantio, colheita e embalo partem das mãos dos 19 integrantes da família Silva, fundada pelos mineiros Ovídio e Maria Cândida. Há sete anos, o morango passou a dominar os 5,8 hectares da família, na área rural de Brazlândia. Semeada a terra no fim de março, com a ajuda das últimas chuvas, a estiagem coroa a produção. Quando está frio e seco, combinação preferida da fruta, há morango para dar e vender. Especialmente para vender.
Ao fim de uma semana, os Silva colhem 800 caixas com quatro bandejas cada. Nessa época, a fartura da fruta é motivo de comemoração em Brazlândia. Há 18 anos, fim de agosto é tempo da Festa do Morango. Pena que, com tanta oferta, o preço cai. Mas a receita é certa. A demanda crescente pela fruta justificou o abandono de outras culturas na União Familiar. Por isso, quando chega a seca, o trabalho beira o ininterrupto.
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