Em uma cidade erguida sobre os pilares da ilegalidade, os problemas vão além da falta de escritura dos imóveis. A ausência de registro impede a instalação de equipamentos públicos básicos como escolas, hospitais, correios e até mesmo sistema de transporte e rede de abastecimento de água e energia. O comércio formal também não funciona como deveria, e os moradores não têm acesso fácil a postos de gasolina, a supermercados e a bancos. Resta, então, um impasse entre o que a regra permite e o crescimento desordenado das cidades às vistas do governo.
Seja fruto de grilagem, seja de doação do Estado sem o respaldo legal do registro da terra, algumas localidades ficaram grandes demais para serem ignoradas pelo poder público. Dessa forma, o governo se vê obrigado a construir uma estrutura mínima para a população. Ainda assim, os serviços funcionam de forma precária. Essa desordem na situação fundiária do DF atinge quase todas as regiões. A mais recente Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), divulgada em novembro do ano passado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), apontou que 158.179 imóveis ficam em terrenos ilegais ou em invasões e assentamentos. Isso representa cerca de 20% do total da capital.
No Riacho Fundo 2, por exemplo, não há agências bancárias ou grandes supermercados. A situação irregular da área também afeta o trabalho da corretora Maria de Brito, 45 anos, moradora da cidade há 10 anos. ;Está cada vez mais difícil. Toda hora, aparece alguém na Justiça dizendo ser o dono da terra. O governo pede para a gente não vender, porque não emitem a certidão positiva do imóvel. A gente trabalha com procurações e documentos de concessão de direito, que não servem para nada;, afirmou. Quem não tem a escritura também não pode pedir um financiamento no banco. ;Só se vende e se compra à vista. As transações estão cada vez mais paradas na imobiliária.;
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