A correria, a tecnologia e as comodidades do mundo moderno têm levado ao fim muitas profissões antigas. A de engraxate é uma delas. Cada vez se vê menos gente com as caixas nas costas nas ruas. Na verdade, quase não há mais meninos oferecendo o serviço. No Setor Comercial Sul, por exemplo, eles foram mais de 30. Hoje, são 10, todos adultos. Mas ainda há quem faça questão de manter os sapatos brilhando e quem viva só de engraxar e de lustrar calçados. E como Brasília é a cidade dos engravatados, a carreira ganha sobrevida maior na capital do país.
Os que usam terno costumam deixar generosas gorjetas, muito maiores do que o preço do serviço. Mas, para conquistá-los, são necessários predicados, como uma boa conversa e muito capricho. Roberto Marcos de Lima, 32 anos, reúne tais atributos. Ganha até R$ 1 mil em um sábado, quando atende clientes em mansões do Lago Sul e do Lago Norte. “Tem um que me dá mais de 200 pares de sapatos, de toda a família, para eu engraxar. E faço tudo num sábado”, conta, sem revelar a identidade do cliente — de quem cobra R$ 5 o par — e o ganho médio mensal.
Durante a semana, Marcos bate ponto na comercial da 202 Sul, ao lado do Piantella, o tradicional restaurante e local de encontro de políticos e empresários. Alguns contribuíram para ele construir a cadeira-trono. De segunda a quinta-feira, atende os fregueses usando tênis, calça jeans e camiseta. “E não é só o pessoal do Piantella. Também tenho clientes fiéis do Banco Central, da Caixa Econômica Federal e de outros órgãos que funcionam aqui perto”, esclarece.
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