A ousadia dos motoristas que fazem transporte pirata na capital não tem limites. Na manhã de ontem, pelo menos 30 donos de veículos apreendidos foram até a garagem da Sociedade de Transportes coletivos de Brasília (TCB) ; onde ficam guardados carros com algum tipo de irregularidade ; e exigiam a devolução dos automóveis. O grupo carregava até cartazes e entoava palavras de ordem contra as operações do Transporte urbano do Distrito Federal (DFTrans). Bloquearam a entrada da garagem impedindo que os ônibus circulassem. Apesar da manifestação, eles não obtiveram sucesso nas reivindicações.
O valor a ser pago pela infração cometida é de R$ 2 mil reais e, em caso de reincidência, o valor sobe para R$ 5 mil. Os piratas queriam que a autarquia fizesse a devolução dos automóveis sem pagar os valores previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Na noite anterior, um grupo chegou a invadir o depósito afim de retirar os veículos à revelia. Devido a ameaça, a vigilância na garagem da TCB foi redobrada e, como medida de segurança, os agentes esvaziaram os pneus de todos os carros para impedir noas tentativas de resgate.
A manifestação dos piratas prejudicou a rotina da TCB, pois alguns motoristas não conseguiram sair com os ônibus da garagem. Lúcio Lima, diretor-técnico do DFTrans, ressaltou que, muitos motoristas entram com liminares judiciais para que os carros sejam devolvidos imediatamente após a apreensão, mas isso não ocorreu ontem, o que reforça a tese de que os condutores usavam os veículos para fazer transporte clandestino de passageiros.
Crime antigo
O transporte clandestino do Distrito Federal é um problema antigo que o poder público nunca conseguiu resolver. Em abril, o Correio mostrou como age a máfia que controla a pirataria na Rodoviária do Plano Piloto. Os líderes do esquema cobravam até R$ 2 mil para permitir a entrada de um novato no bando. Caso não tivesse o dinheiro em mãos, o trecho percorrido seria nos eixos sul e norte. A reportagem revelou ainda que alguns faturavam até R$ 250 por dia.
Em vários pontos do Distrito Federal, motoristas aproveitam a ausência de fiscalização para praticar o ato ilícito. No Lago Norte, um dos bairros mais nobre da capital, vans brancas chegaram a improvisar um ponto sobre árvores, próximo ao clube do Congresso. A bagunça é tanta que até vans escolares são vistas carregando passageiros, o que não é permitido. Segundo o chefe da Fiscalização do DFTrans, Pedro Jorge Brasil, o órgão atua no sentido de coibir os pirata e as ações vão se intensificar. "Estamos mostrando, com ações rotineiras, que podemos combater a pirataria no Distrito Federal", afirmou.
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