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Lucio Costa reprovaria mudança na Esplanada, diz filha do urbanista

Segundo Maria Elisa Costa, o pai sempre defendeu o gramado como "pausa verde" no amplo espaço que separa o Congresso da Rodoviária


Num pedaço de papel amarelado pelo tempo resistem as linhas originais da Esplanada dos Ministérios. Lucio Costa as desenhou em 1957. Para deixar de ser croqui e se tornar obra, o projeto passou por alterações. Uma coisa, no entanto, jamais mudou. Até o fim da vida, o criador insistiu na manutenção de apenas um gramado no vão central. Hoje, a briga do pai passou para a filha. É ela quem encabeça a lista de críticos à construção de uma ciclovia e ao plantio de árvores no local. A principal objeção é que, depois que crescer, a vegetação vai comprometer a visão do conjunto da obra monumental, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.

;Seguramente, (meu pai) não admitiria o plantio das árvores ao longo de uma ciclovia no canteiro central da Esplanada. Parece que estou vendo ele dizer: ;Mas que ideia!’;, afirma Maria Elisa, presidente da Associação Casa de Lucio Costa (leia entrevista abaixo). Quando soube que 359 mudas ladeariam os 3,2 quilômetros de ciclovia e que a intervenção tinha parecer favorável da superintendência distrital do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ela encaminhou uma carta ao órgão pedindo a remoção da vegetação ;tendo em vista evitar a deturpação definitiva da identidade visual consagrada da nossa capital;.


A expectativa dela é de que o assunto entre em pauta na reunião de hoje do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do instituto. Mas o superintendente do DF, José Leme Galvão Júnior, já adiantou que, em primeira ordem, o documento não será discutido. ;Não é matéria para o colegiado se ocupar. É uma função do Executivo do Iphan;, explicou. O conselho, formado por nove membros de instituições públicas e 13 da sociedade civil, delibera sobre tombamento e registros de bens. ;Para os demais assuntos, as sugestões podem ou não ser executadas;, afirma. Na visão do superintendente, nem a ciclovia nem as árvores ferem a escala, tanto que ele aprovou o projeto.