No primeiro dia de depoimentos de vítimas da Comissão de Memória e Verdade Anísio Teixeira da Universidade de Brasília (UnB), foram ouvidos o ex-reitor Antonio Ibãnez Ruiz, e o secretário Romário Schettino, presidente do Conselho de Cultura do DF. O objetivo da comissão é investigar violações de direitos humanos, perseguições políticas, funcionamento dos mecanismos repressivos e formas de resistência na universidade durante o regime militar.
O ex-reitor relembrou o dia da invasão em agosto de 1968. Ele estava em uma sala da Faculdade de Tecnologia, que ficava onde atualmente está instalado o Departamento de Psicologia, e começou a ouvir gritos. Quando ele saiu da sala, já podia perceber uma movimentação estranha, com muita correria, tiros e gás. Lembra também de sua visão ter ficado turva. Para ele, todo o ano de 1968 foi cercado de tensão e gerou muitos traumas. Ele acha que a comissão é importante para que a memória desses eventos permaneça viva na mente da nova geração, que precisa saber o que aconteceu na universidade.
Romário contou como foi passar 25 dias preso, sob tortura. Ele foi sequestrado pelos militares quando trabalhava no Banco Central. Eles chegaram armados, o jogaram dentro de um carro e lhe colocaram um capuz, para que não visse para onde estava sendo levado. Ele foi submetido a diversas torturas e chegou a ter problemas nos rins. Ele chegou a ser medicado, mas apenas para a dor. Durante o tempo que esteve preso, Romário foi questionado sobre material subversivo, pessoas e armas, mas não tinha nenhuma informação. Por isso, foi liberado.
Até junho, devem ser realizadas mais 10 audiências na Comissão para ouvir vítimas e advogados de estudantes que foram perseguidos, mas as datas ainda não foram estabelecidas.