Jornal Correio Braziliense

Cidades

Bichinhos abandonados estão em busca de uma nova família

Diretoria de Vigilância Ambiental recebe cerca de 15 animais abandonados por dia, e a maioria fica nas gaiolas por muito tempo. Funcionários pedem que a comunidade adote



Na tarde em que a reportagem do Correio visitou a Zoonoses, duas ninhadas de gatos foram abandonadas no local. A triste realidade contrasta com os finais felizes que acabam acontecendo: muita gente procura o órgão para dar aos bichinhos rejeitados um novo lar. Foi o caso da família de Cláudia Maria Andrade, 42 anos. A professora encontrou, há dois meses, uma gata perdida no estacionamento onde trabalha. Levou-a para casa, para a alegria dos filhos, Carla Mariane Florentino, 11, e Breno Mateus Florentino, 15. O felino, no entanto, tinha dono, que a encontrou graças às fotos que Cláudia colocou no Facebook.

Depois que a gata foi devolvida à família original, Carla ficou muito abalada. ;Ela teve febre por dois dias por causa disso;, lembra a mãe. Cláudia prometeu aos filhos que, assim que pudesse, encontraria um novo felino para eles. Na quarta-feira, o trio visitou a Zoonoses e saiu com um filhotinho, que ainda não tem sexo definido e é chamado apenas de Neném. ;Falei com eles da responsabilidade, porque não é só pegar. Tem que levar ao veterinário, vacinar, dar carinho;, explicou a mãe, que dividiu com os filhos as tarefas de cuidar do novo membro da família.

Por mais que as gaiolas passem por lavagens diárias, na Zoonoses, é impossível manter a limpeza e o espaço adequado para os bichos. O pedido dos funcionários do local é que a comunidade adote os cães e os gatos. ;Eu acho que tudo que se pode fazer com respeito e amor pelo bicho é bem-vindo. Se a pessoa compra o animal de raça e cuida bem, está valendo. Mas adotar é muito legal e muito gratificante. Tem gente que vem aqui e diz que quer um vira-lata bem feio;, diz Cleide Santana.

Recomeço

A moradora do Cruzeiro Velho Elza do Carmo, 72 anos, passou pela experiência de adotar duas vezes. Há seis anos, ela encontrou um gato doente em um estacionamento e cuidou dele até que o animal não resistisse à insuficiência renal. Enterrou o bicho de manhã e, na tarde seguinte, foi à Zoonoses em busca de uma nova companhia. ;Quero um branco dos olhos azuis, como era o Ruan;, exigiu a aposentada. Acabou saindo de lá com uma fêmea parecida com o amigo que morrera. Elza tem mais dois gatos e três cachorros na fazenda da família, e queria um companheiro para o apartamento na cidade.

Outra felizarda é a pequena fêmea vira-lata que saiu acolhida nas mãos de Magno Vinícius Paterline, 41 anos. Quando se mudou para a casa onde vive, no Gama, há mais de uma década, ele encontrou no lote uma cadela. Cuidou dela por muitos anos, até que ela morresse. Passado um tempo de luto, ele saiu em busca de um animal parecido. O pastor não encontrou, em Brasília, um cachorro da raça dela, cocker spaniel, e decidiu partir para a adoção. ;Prefiro que seja fêmea, porque elas são mais tranquilas e companheiras. Vou deixar para o meu filho escolher o nome, quando chegar em casa;, prometeu.

Como adotar

; Para levar um bichinho para casa, é necessário ter mais de 18 anos e apresentar à Zoonoses um documento que comprove isso. Depois que o futuro dono escolhe o novo animal de estimação, ele deve assinar um termo de responsabilidade, atestando que vai cuidar adequadamente do bicho.

; A Zoonoses fica na Setor de Áreas Isoladas Norte (SAIN), Estrada Contorno do Bosque, Lote 4, próximo ao Hospital do Câncer Infantil.

; Funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 11h às 17h.